Para se viver com consciência presente é preciso que dispensemos 99% das coisas que fazemos automaticamente, que acabam sendo atividades criadas pela mente para disfarçar aquele vazio que fica. As atividades necessárias à sobrevivência (fazer compras de alimentos e artigos de primeira necessidade, etc) devem continuar, mas isso nunca impediu que a alma siga sozinha, matutando em como essa vida é sem sentido. Ainda por cima nos deixa um resíduo de desejo por companhia, por compartilhar, que mais atrapalha do que ajuda. Explico porque: geralmente as companhias nos servem como analgésicos, que nos tiram a dor de viver, momentaneamente, porque nesses breves momentos, nos esquecemos de mergulhar em nós mesmos e perceber que o tédio está lá, sentadinho, à espera de que fiquemos sós novamente e ainda por cima isso não significa que sejam as companhias solução para o tédio de existir.
Mudei de endereço mas não mudei de alma. Continuo pedindo aos céus que me tire a vontade de ter companhia, já que estou ficando cada dia mas transparente. O caso da mesinha de fórmica, que coloquei no blog ontem, foi a prova viva de que se eu tivesse 25 anos de idade até o porteiro do prédio teria se prontificado a dar um jeito e aparafusar a mesa. Mas ele disse (porque já passei da idade de atrair pelo físico) que estava sozinho na portaria e o zelador não estava no momento.
Por essas razões gostaria de virar vento. Não precisar de mais nada, apenas ventar pra lá e pra cá, sem depender de ninguém. Esse meu temperamento não combina com a idade avançada, quando ficamos cada dia mais dependentes dos outros. Só que não quero perturbar a paz das pessoas. Todos têm muito o que fazer, e quando estão em seu horário de lazer não devem ser importunados com uma senhora que tem uma mesa problemática. Portanto amanhã vou à loja onde a comprei e eles darão um jeito. Acabo sempre resolvendo os problemas da forma mais racional. Emoções são para quem tem cacife. Eu não pago o preço de parecer uma pessoa inconveniente e alvo de críticas. Talvez não esteja preparada para viver como a maioria. Mas sei o que já vivi, o que já apanhei, e descobri que para mim a vida nunca foi nem será doce. Já fui taxada de ingênua, por acreditar demais nos outros. Hoje acredito em mim e nas minhas intuições maravilhosas. Não tenho me decepcionado comigo. No fundo isso é o que importa. No fundo.
5 comentários:
Olá Sonia,
Descobri o seu blog através de seu comentário no Peri e gostei do que li aqui. Voltarei para ler com mais calma.
Um abraço.
Olá Sonia, obrigada por sua visita e já fui visitar seu blog, que gostei muito. Acredito que você é nascida em Portugal e mora nos States, acertei? Eu sou de origem portuguesa (avó paterna).
Volte sempre.
Abraço.
Olá Sonia,
Que bom que gostou do meu blog. Obrigada pela sua visita.
Sou paulistana e desde 98 estou morando num condomínio às margens da Represa Jurumirim, ESP, perto de Avaré.
As fotos de Coimbra e do Porto que você deve ter visto no blog foram tiradas por minha filha que esteve em maio em Portugal, participando de um congresso.
Comecei o meu blog há sete anos, escrevendo em inglês porque na época eu visitava principalmente blogs de língua inglêsa e a maioria das minhas visitas eram dos USA, Austrália, Inglaterra, etc. Depois que fui recebendo amigos do Brasil e Portugal comecei a fazer os posts bilíngue. Essa é a explicação e entendo o porquê de você achar que sou portuguesa e moro nos States.
Espero sua nova visita também.
Um abraço.
A décalage entre a idade real e a idade mental deixa-nos muitas vezes nalguma angústia. Especialmente quando nos damos conta que há uma distância progressivamente maior entre o que queremos e o que podemos.
Mas, por outro lado, que bom sinal esse, de que tudo o que pode funcionar bem, assim continua - pensamento, sentido crítico sobre o mundo, sensibilidade...
Bjs daqui, do outro lado do oceano.
Helena,
estou presente de coração em sua terra. Sou neta de avó portuguesa (falecida) tenho o espírito lusitano na alma, no DNA. Tudo o que absorvi de meus avós é um pouco como vivo a vida agora. Amo portugal, sem nunca tê-lo conhecido.
Obrigada por compartilhar sua sensibilidade!
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