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sábado, 31 de dezembro de 2011

THE PLEASURE OF TRANSCENDING REALITY

Curling up with a book and a cup of tea is one of the simplest ways we can remove ourselves from the confines of reality in order to immerse ourselves in the drama and intrigue of the unfamiliar.







from: DailyOn daily messages

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

SONHOS E MAIS SONHOS

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                                                                           (imagem da internet)






Sonhos e mais sonhos. Por não ser uma pessoa que vivo sonhando acordada, meus sonhos enquanto dormindo têm sido constantes.
Essa noite sonhei dois episódios curtos e distintos:
1) 3 mulheres loiras jovens, vestidas como paraquedistas, no telhado da casa onde morei por 20 anos em Santos, tinham intenção de rolar telhado abaixo. Eu, no terraço dos fundos da casa, percebia a intenção delas e fiquei com medo que morressem na queda, pois a altura não era suficiente para que os para-quedas se abrissem. Começaram a rolar, nesse momento a altura da casa ficou maior, digamos a de um prédio de 3 andares, e eis que elas vêem rolando telhado abaixo e caem no quintal do vizinho. As 3 sobreviveram sem ferimentos, demorando um pouco para se movimentar, mas aparentemente sem lesão alguma.
2) Um segundo antes de acordar sonhei que foi deflagrada guerra nos países árabes, numa dimensão assustadora.

Nem Freud explica...

imagem: www.photo.net.com


domingo, 25 de dezembro de 2011

SENTIMENTOS DE FINAL DE ANO...

Nostalgia é a angústia com uma gota de mel. Não sei qual das duas é pior!




imagem: photo.net.com

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

NOS SONHOS TUDO É POSSIVEL, ATÉ O IMPOSSIVEL





Os sonhos existem para nos deixar sem parâmetros de análise da mente humana. Reparei que há um fator recorrente em meus sonhos. Sempre que estou às voltas em alguma missão,  dificuldades me surpreendem no meio dos acontecimentos, interrompendo a tarefa.
Hoje andava eu de bicicleta por uma avenida que mais parecia uma rodovia, longa e sinalizada, e lá ia eu sem sentir ao menos cansaço, ao encontro de um objetivo qualquer, que no sonho não ficou claro. A uma certa altura, a estrada se bifurcava e eu percebi que escolhi exatamente a opção errada. Parei para fazer a volta, eis que olho para o pneu da bicicleta e vi que estava vazio. Interessante que por mais que tudo isso tenha sido desanimador, eu sempre vejo uma saída nos sonhos. Levanto os olhos em busca de solução e vejo um posto de combustivel a uns 200 metros. Só que desta vez acordei antes de saber se cheguei ao posto.


O interessante é perceber os dois aspectos (positivo e negativo) marcantes do sonho:

1) eu andar de bicicleta em situação de risco (numa estrada movimentada)  sem sentir cansaço é algo a considerar como um desafio.

2) as "pedras" no meio do caminho (sempre algo interfere no processo da busca em realizar algo) fariam inveja ao poeta Drummond!

domingo, 11 de dezembro de 2011

Experiência no supermercado

Estou me estranhando. Sempre fui uma pessoa reativa. Achava que alguma provocação ou frase dirigida a mim de maneira agressiva devia ter uma resposta na ponta da lingua, nem sempre a mais agradável de se ouvir. Eu jogava na defesa o tempo todo.

Bem, hoje me surpreendi com minha reação a uma grosseria. Estava buscando um caixa mais vazio num supermercado para pagar minha conta e percebi que num deles (o mais vazio) havia um carrinho meio fora do alinhamento e afastado, como se a pessoa estivesse ausente ou mesmo desistido das compras. Fiz menção de entrar nesse caixa e quando percebi um homem se aproximar logo fui saindo, a fim de entrar em outra fila. O que ouvi me deixou tão perplexa que não tive reação:

"Para a senhora há os caixas preferenciais, não precisa deste, sabia? Vá aos caixas preferenciais". Eu só olhei, devo ter balbuciado alguma coisa como: já vi o senhor, escolhi outro caixa porque vi o senhor se aproximar...

Mas o que eu devia ter dito era: "não precisa me lembrar que há caixas preferenciais, eu já estou cansada de saber disso. O que eles precisavam criar aqui no supermercado era um caixa para grossos."

Pena que não dá para voltar o tempo. O animal de cascos  não podia dormir sem essa...

Moral da história: nem sempre devemos ser não-reativos. Às vezes a pessoa merece ouvir uma boa. Mas algo fez com que eu não tivesse acesso a essa resposta imediatamente. Só quando cheguei ao carro veio-me a inspiração!

sábado, 10 de dezembro de 2011

E se minha vida fosse outra?



Sei que é impossivel viver duas vidas ao mesmo tempo. A cada um de nós é dado um roteiro pessoal que temos que levar a cabo, com uma certa liberdade em pequenos desvios de rota, ou até grandes mudanças que nem sempre dependem de nossa vontade.Mas enfim, vivemos uma só história, cada um tem a sua.
O que eu gostaria de saber, e me peguei pensando nisso agora, é como eu reagiria, por exemplo se por um acaso, minha vida tivesse a um determinado tempo, tomado um rumo totalmente diferente da minha tendência natural. Digo isso porque penso que vivo uma vida totalmente de acordo com meu temperamento. Agradeço a oportunidade que tenho hoje de usufruir de uma imensa liberdade, não aturar situações que a mim seriam como verdadeiros castigos. Mas o que digo agora sei que é bobabem. Vocês argumentarão que se a vida tivesse um roteiro diferente eu estaria dizendo a mesma coisa, talvez considerando-se que uma parte de nós (vamos chamá-la "ser essencial" ?) é o que prevalece, analisa e pode fazer considerações a respeito de seja qual for a nossa estória.  Bem, mas essa idéia chegou-me de repente e antes que ela se desvaneça, fica aqui o registro.



foto daqui:  http://photo.net/

A LUCIDEZ DA PRÉ-CADUQUICE

Nunca fui tão lúcida e perceptiva como agora. Quase me basto. Ainda bem, pois as companhias andam escassas. Por minha culpa. Não tenho me envolvido com muitas coisas que antes não me aporrinhavam a paciência e hoje dispenso com prazer. Ando numa ranzinzisse deliciosa. Ela me dá em troca uma alegria de viver, uma gratidão por não ter que aturar diversos esquemas que a essa altura da vida me deixariam totalmente detonada.
Vejo muita coisa numa fração de segundo, antes de entrar em algum processo de sociabilização. Nunca fui muito de participar de grandes eventos, gosto mais de pequenos lances (small is beautiful!) 
Se um dia ficar gagá posso dizer que a pré-caduquice é algo a que todo o ser humano deveria ter direito! 




A PAIXÃO SEGUNDO GH


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Comecei hoje a reler  A Paixão Segundo GH e veio-me a idéia de que poderá haver alguma analogia entre a obra de Clarice Lispector e A Metamorfose, de Kafka. Ao menos a barata é algo em comum nas duas obras. Vou reler A Metamorfose assim que terminar A Paixão...
Sou ligadíssima nos dois autores.
Apreciaria alguns comentários sobre o tema.

domingo, 20 de novembro de 2011

Filmes que assisti ontem e hoje

Assisti pela 3a. vez o filme Um Retrato de Mulher. Não me canso de admirar o trabalho de Edward G. Robinson, astro de primeira grandeza. Não sei porque, algo nesse homem me atrai terrivelmente. Ele é feio, baixinho, mas apaixonante. Há nele algo que eu admiro: em seus personagens ele passa objetividade, cavalheirismo, bom senso, delicadeza, gentileza, masculinidade, enfim, tudo aquilo que eu gostaria de ver no homem com quem eu convivesse. Claro que estou analisando os personagens que ele representa, mas algo me diz que na vida real ele deve ser muito parecido. Palpite feminino :).

Por falar em filme, assisti no Telecine Cult, ontem, um filme muito bom! 3 macacos. Achei o nome intrigante, mas após pensar um pouco percebi que devia tratar-se daquele símbolo dos 3 macacos, um surdo, um cego e outro mudo. Não deu outra. A história é sobre uma família, cujos membros: pai, mãe e filho acabam se fazendo de surdos, cegos e mudos por dinheiro. Todos os 3 não querem perder a oportunidade de faturar com as oportunidades que vão surgindo. O enredo do filme é de mestre! Uma história muito bem arquitetada, artistas excelentes. Se voltarem a exibir quero ver novamente. É uma co-produção turco/franco/italiana. Um senhor filme!!!

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A ARAPUCA DA VALENTIA

A valentia nos afasta da única possibilidade de resgatarmos nossa forma de ser feliz. Eu explico:

(em primeiro lugar vamos tentar visualizar uma criança vivendo num ambiente controverso: amor misturado a violência - e isso se prolongando por toda a infância e adolescência até que na juventude essa pessoa decidiu que não havia mais condição de continuar nesse passo). Voltamos agora às considerações a respeito da inutilidade de sermos valentes.


Por medo, fugimos com todas as forças de situações que colocam em risco nossa segurança (seja emocional, material, etc.) Muitas vezes ainda somos imaturos para analisar se devemos renunciar a um certo estado de vida, em nome desse medo que nos assola. E então algo começa a tomar forma em nossas mentes e acabamos por procurar novos caminhos, na tentativa de buscar um ambiente mais propício para vivermos em harmonia. Acontece que....sempre acontece que – muito mais tarde na vida vamos nos encontrar carentes de uma situação que, bem ou mal, nos agasalhava a alma. Sentimo-nos então completamente sem saída, visto que já é tarde para construir o que perdemos. Vamos vivendo então o dia-a-dia. Isso não nos impede de uma frustração que fica mordendo a alma, e quando menos esperamos ela se revela na forma de inveja. Sim, inveja! Invejamos pessoas que conseguem ter o que nunca tivemos nem vamos conseguir. Isso nos trava um pouco, pois o ingrediente emocional é o mais forte dos que compõem a receita do bem estar. O alimento que nos proporciona a segurança de sermos amados é a maior dádiva que um ser humano pode almejar. Nem todos temos esse privilégio. Alguns se drogam, outros se suicidam, outros vivem uma vida de segunda mão, enganando-se a si e aos outros, mas aqueles que querem ser fiéis à sua alma sentem-se por vezes ressentidos com a vida. E isso porque, um dia – quiseram ser valentes e fugir da ameaça que os rondava. Achavam que indo em direção diferente iam encontrar o abrigo de que necessitavam. Mentira! Esse abrigo só existe uma vez e ele é original. Não há cópias disponíveis. Só o aconchego original nos dá as bases de uma futura vida confiante, harmoniosa e cheia de calor!.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

APROVEITAR A VIDA E SUAS DORES - Contardo Calligaris



Com frequência, em conversas e entrevistas, alguém me pergunta o que penso da felicidade -obviamente, na esperança de que eu espinafre esse "ideal dominante" de nossos tempos.
Na verdade, não sei se a felicidade é mesmo um ideal dominante.
Claro, o casal e a família felizes são estereótipos triviais: "Com esta margarina ou com este carro sua vida se abrirá num sorriso de 'folder' ou de comercial". Mas ninguém leva isso a sério, nem os que declaram que tudo o que querem é ser felizes.
Se alguém levasse a busca da felicidade a sério, ele se drogaria, e não com remédios ou substâncias de efeito incerto e insuficiente: só crack ou heroína -tiros certeiros.
O que resta é a felicidade como tentação, como uma vontade de cair fora, compreensível quando a vida nos castiga muito. Fora isso, minha aspiração dominante não é a de ser feliz: quero viver o que der e vier, comédias, tangos e também tragédias -quanto mais plenamente possível, sem covardia.
Meu ideal de vida é a variedade e a intensidade das experiências, sejam elas alegres ou penosas.
Há indivíduos que pedem para ser medicados preventivamente, de maneira a evitar a dor de um luto iminente. É o contrário do que eu valorizo; penso como Roland Barthes: "Luto. Impossibilidade -indignidade- de confiar a uma droga -sob pretexto de depressão- o sofrimento, como se ele fosse uma doença, uma 'possessão' -uma alienação (algo que nos torna estrangeiros)- enquanto ele é um bem essencial, íntimo...".
O trecho está na pág. 159 de "Diário de Luto", que acaba de ser publicado em português (WMF Martins Fontes, excelente tradução de Leyla Perrone-Moisés).
São as fichas nas quais Barthes registrou sua dor entre outubro de 1977 (a morte da mãe) e setembro de 1979 (poucos meses antes de ele mesmo sofrer um atropelamento cujas consequências seriam fatais).
Logo nestes dias, um amigo meu, Paulo V., está perdendo seu pai. Ele me escreve, consternado, que "nada sobrará" do pai: uma cadeira vazia, gavetas de roupas e papéis e que mais? A lembrança se perderá com a vida do filho, que não lhe deu netos e de quem também nada sobrará. A resposta que encontro, para meu amigo, é uma questão: por que uma vida não se bastaria, mesmo que não sobre nada e, a médio prazo, ninguém se lembre?
Barthes se pergunta se ele estaria escrevendo "para combater a dilaceração do esquecimento na medida que ele se anuncia como absoluto. O -em breve- 'nenhum rastro', em parte alguma, em ninguém" (pág. 110). Mas suas anotações não são um monumento fúnebre para a mãe.
Para Barthes, escrever é o jeito de abraçar a experiência, de vivê-la plenamente. Ele se revolta contra as distrações e as explicações consolatórias dos amigos; recusa as teorias que lhe prometeriam um bom decurso de seu luto ("Não dizer luto. É psicanalítico demais. Não estou de luto. Estou triste") e foge, embora a contragosto, das crenças que apaziguariam a dor ("que barbárie não acreditar nas almas -na imortalidade das almas! Que verdade imbecil é o materialismo!").
Enfim, Barthes chega quase a recear que o luto acabe, como se, além da mãe adorada, ele temesse perder também, aos poucos, sua experiência dessa perda.
Meses depois da morte dos meus pais, havia momentos em que eu lamentava que meus afetos e pensamentos voltassem "ao normal", como se minha vida fosse mais pobre sem aquela dor. E havia outros em que, de repente, um detalhe me fisgava, até às lágrimas. Esses momentos eu acolhia com alegria.
Como Barthes anota, a dor do luto pode deixar de ser o afeto dominante, mas ela sempre volta, com a mesma força: "O luto não se desgasta porque não é contínuo" (pág. 92).
Falando em "detalhes" que fisgam, as anotações de Barthes reabriram a ferida de quando ele morreu, mais de 30 anos atrás.
De que sinto mais falta? Do timbre de sua voz e de duas coisas que, de uma certa forma, faziam parte do timbre de sua voz.
Sinto falta de seu gosto pela inconsistência das ideias e dos saberes ("proporcionalmente à consistência desse sistema, sinto-me excluído dele", pág. 73).
E sinto falta de sua coragem para falar a partir da singularidade de sua experiência, sem a menor pretensão de erigi-la numa generalidade que valha para os outros.
Em suma, sinto falta dele, mas não é só que eu sinto falta dele, é que ele, ainda hoje, faz falta.


trecho do blog

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A SEDUÇÃO DO EXTERIOR EXPLICADA NO BLOG ABAIXO

O VIDRO


No café, uma libélula investe contra a ampla vidraça. Lá fora há carros estacionados, candeeiros discretos, árvores em tímida agitação. A libélula descansa durante alguns segundos, até voltar ao frenesi de quem procura atirar-se para dentro de um mundo próximo e, em simultâneo, inacessível.


A realidade não exige sentido, explicação nem emenda. Encontra-se por aí, absolutamente inexprimível em si mesma. As palavras emergem, num milagre sem autor definido. Erguem um vidro resistente. Compor o texto é percorrer o vidro. Temos a crença de que as coisas se deixam atrair pelo exercício do verbo.


Paramos a ler as sílabas ajustadas à ilusão. E regressamos à escrita. O exterior seduz teimosamente. Rouba-nos o sossego de existir.




 deste blog

Divina Comédia: O VIDRO

Divina Comédia: O VIDRO: No café, uma libélula investe contra a ampla vidraça. Lá fora há carros estacionados, candeeiros discretos, árvores em tímida agitaçã...

domingo, 25 de setembro de 2011

o que se faz com uma pessoa assim?




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Não entendo porque aqui no Brasil, seja em escadas rolantes ou em filas onde há espaço para os desistentes, as pessoas ainda insistem em permanecer "plantadas" ao lado esquerdo, impedindo a passagem de quem escolhe se adiantar (seja por qualquer motivo, aqui não é o caso).
Hoje, ao entrar num parque onde costumo caminhar, havia um carro à minha frente na área para o estacionamento e eu, percebendo que já havia 2 vagas desocupadas, saí do meu carro e avisei o motorista da frente que poderia seguir para estacionar, assim eu poderia fazer o mesmo. O tipo me disse que hoje era domingo e que não estava com pressa, e consequentemente não liberou a passagem.

(pausa para respirar)

O que vc diz a uma observação dessa? Bem, eu disse que apesar de ser domingo eu queria estacionar. Ele disse que não ia sair dali, para eu chamar o guarda. No que eu desci do meu carro e fui em busca de um guarda, claro que as pessoas que estavam atrás de mim começaram a buzinar alucinadas, com razão. Então, percebendo o problema, desisti do meu intento, voltei imediatamente, para ver que o tipo já havia se mexido e estacionado no primeiro lugar que achou. Eu também estacionei e fui procurar o guarda, para encontrar o fulano já falando com ele. Depois de eu explicar tudo (sendo interrompida pelo tipinho a toda hora) o guarda pediu minha placa, nome e telefone (que eu dei sem vacilar, juntamente com a placa do imbecil).

Há homens que só são valentes quando se deparam com uma mulher sozinha. Ao serem ameaçados pela presença de um guarda, correm para agir com bom senso. Covardes!
A sorte é que já estou na descida da montanha russa da vida. Se eu fosse mais jovem, nem sei o que teria acontecido.

Ah! Esqueci-me de dizer que o tipo mandou eu fazer um B.O. caso quisesse.

Coitadas das mulheres que ainda preferem se sujeitar a enfrentar esses cancros da sociedade!

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

MINHA ALMA É SIMPLES




Percebo mais a cada dia que a minha alma é simples. Não gosto de complicar o que pode ser sentido de maneira direta e simples. Nem poesia complicada eu gosto. Os poetas que me encantam são Mario Quintana, Alberto Caeiro, Guilherme de Almeida e alguns poucos mais. Para viver a arte não quero usar o cérebro, fazer cálculos e raciocinar para chegar a conclusões. Na apreciação do belo, daquilo que me enleva, a simplicidade é fundamental. O sentimento chega de forma direta, sem uso do cérebro. Há um canal (alguns costumam chamar de intuição) que capta diretamente da fonte a beleza da arte. É simples. Quando eu quiser fazer exercício mental para fortalecer o cérebro, existem as palavras cruzadas, o sudoku, etc. Para ver a beleza, preciso da simplicidade.



imagem obtida daqui




domingo, 11 de setembro de 2011

To Sufferers From Nervous Depression

John Singer Sargent, Seascape, 1875 (via)
[prompted by vulgivagus’s word suggestion: “water”]





‘It’s very well to go down for six Weeks into the Country by yourself, to give up Tobacco and Stimulants, and to live the whole Day, so to speak, in the open Air; but all this will do you no Good, unless you cultivate a cheerful Frame of Mind, and take a lively view of Things.’


Punch Cartoon published on May 1, 1869


Não adianta nada dizer a uma pessoa em depressão: "Oh! Veja que dia lindo! O sol está brilhando tanto! Por que você não vai dar uma voltinha e tomar um ar?"

Para essa pessoa, o que você diz é um zero à esquerda.

Portanto, parem de querer levantar o astral do depressivo. Não é por aí. O buraco é mais embaixo...

imagem daqui (obrigada, Mariana)

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Aceitar que já não é hora de voar alto, embora a cabeça ainda esteja a mil...

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

«Podemos tratar dos dói-dóis, mas não há cura para o facto de termos nascido; há que tirar o máximo partido dessa constatação, talvez até a possibilidade de se ser feliz.»


(Michel Crépu)

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Estava eu sentado, perto do mar, a ouvir com pouca atenção




Estava eu sentado, perto do mar, a ouvir com pouca atenção um amigo meu que falava arrebatadamente de um assunto qualquer, que me era apenas fastidioso. Sem ter consciência disso, pus-me a olhar para uma pequena quantidade de areia que entretanto apanhara com a mão; de súbito vi a beleza requintada de cada um daqueles pequenos grãos; apercebia-me de que cada pequena partícula, em vez de ser desinteressante, era feito de acordo com um padrão geométrico perfeito, com ângulos bem definidos, cada um deles dardejando uma luz intensa; cada um daqueles pequenos cristais tinha o brilho de um arco-íris... Os raios atravessavam-se uns aos outros, constituindo pequenos padrões, duma beleza tal que me deixava sem respiração... Foi então que, subitamente, a minha consciência como que se iluminou por dentro e percebi, duma forma viva, que todo o universo é feito de partículas de material, partículas que por mais desinteressantes ou desprovidas de vida que possam parecer, nunca deixam de estar carregadas daquela beleza intensa e vital. Durante um segundo ou dois, o mundo pareceu-me uma chama de glória. E uma vez extinta essa chama, ficou-me qualquer coisa que junca mais esqueci que me faz pensar constantemente na beleza que encerra cada um dos mais ínfimos fragmentos de matéria à nossa volta.



Aldous Huxley




domingo, 28 de agosto de 2011

RESGATANDO O PRAZER DAS COISAS...

(eu com 2 anos)


Quero achar o significado das coisas do jeito que uma criança faz: sem pensar, sem definir, sem refletir sobre;  apenas pelo prazer que a coisa em si oferece.
Procurar lembrar das coisas que me davam prazer na infância, coisas simples. Há sensação melhor que essa? Aos poucos vou recuperando essa maneira de viver. É a que mais me preenche!

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Vida, uma inquietação

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Claricer Lispector



Sou o que se chama de uma pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma ideia ou um sentimento e eu em vez de refletir sobre o que veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: as vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, as vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade. Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos...E até que ponto posso controlá-los...Deverei continuar a acertar e errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob forma de impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.



(Clarice Lispector)



ver texto aqui

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

KAFKA

Um irmão de alma, uma alma irmã, enfim...divido com vocês um precioso site:


http://www.kafka.org/

pragueclock (imagem do site acima)












«Theoretically there is a perfect possibility of happiness: believing in the indestructible element in oneself and not striving towards it.»



segunda-feira, 15 de agosto de 2011

TIRE SUA SENHA E AGUARDE SUA VEZ...

Enquanto esperava ser atendida num local onde se tem que pegar uma senha, vi que teria de aguardar bastante: minha senha era no. 5430 e estavam chamando a 5398. Havia um sinal sonoro a cada vez que o painel mostrava um novo número, sendo várias as séries, algumas começando com 5000, 4000,  3000, dependendo do caso.

Esperei por mais de uma hora (exatamente 1h00 e 0h15) enquanto filosofava sobre a vida.

Na vida você não tem sossego. Nunca. Como nessa sala de senhas. Sempre há a necessidade de se ficar alerta, nunca se pode relaxar em paz. O toque constante para avisar a nova senha perturba nosso sossego. Mesmo sabendo que ainda vai demorar para chegar sua vez, há uma urgência  em olhar o número mostrado no luminoso, o medo de que sua vez passe, e isso se repete a cada 10 segundos, a cada vez que uma das séries é mostrada.

Essa é a vida: sua senha já foi distribuida. Aguarde sua vez...

domingo, 14 de agosto de 2011

OBRA ÉDITA - FERNANDO PESSOA

«Não cites Fernando Pessoa em vão.»
Cumpre-me agora dizer que espécie de homem sou. - T


Cumpre-me agora dizer que espécie de homem sou.


Não importa o meu nome, nem quaisquer outros pormenores externos que me digam respeito. É acerca do meu carácter que se impõe dizer algo.


Toda a constituição do meu espírito é de hesitação e dúvida. Para mim, nada é nem pode ser positivo; todas as coisas oscilam em torno de mim, e eu com elas, incerto para mim próprio. Tudo para mim é incoerência e mutação. Tudo é mistério, e tudo é prenhe de significado. Todas as coisas são «desconhecidas», símbolos do Desconhecido. O resultado é horror, mistério, um medo por demais inteligente.


Pelas minhas tendências naturais, pelas circunstâncias que rodearam o alvor da minha vida, pela influência dos estudos feitos sob o seu impulso (estas mesmas tendências) — por tudo isto o meu carácter é do género interior, autocêntrico, mudo, não auto-suficiente mas perdido em si próprio. Toda a minha vida tem sido de passividade e sonho. Todo o meu carácter consiste no ódio, no horror da e na incapacidade que impregna tudo aquilo que sou, física e mentalmente, para actos decisivos, para pensamentos definidos. Jamais tive uma decisão nascida do auto-domínio, jamais traí externamente uma vontade consciente. Os meus escritos, todos eles ficaram por acabar; sempre se interpunham novos pensamentos, extraordinárias, inexpulsáveis associações de ideias cujo termo era o infinito. Não posso evitar o ódio que os meus pensamentos têm a acabar seja o que for; uma coisa simples suscita dez mil pensamentos, e destes dez mil pensamentos brotam dez mil inter-associacões, e não tenho força de vontade para os eliminar ou deter, nem para os reunir num só pensamento central em que se percam os pormenores sem importância mas a eles associados. Perpassam dentro de mim; não são pensamentos meus, mas sim pensamentos que passam através de mim. Não pondero, sonho; não estou inspirado, deliro. Sei pintar mas nunca pintei, sei compor música, mas nunca compus. Estranhas concepções em três artes, belos voos de imaginação acariciam-me o cérebro; mas deixo-os ali dormitar até que morrem, pois falta-me poder para lhes dar corpo, para os converter em coisas do mundo externo.


O meu carácter é tal que detesto o começo e o fim das coisas, pois são pontos definidos. Aflige-me a ideia de se encontrar uma solução para os mais altos, mais nobres, problemas da ciência, da filosofia; a ideia que algo possa ser determinado por Deus ou pelo mundo enche-me de horror. Que as coisas mais momentosas se concretizem, que um dia os homens venham todos a ser felizes, que se encontre uma solução para os males da sociedade, mesmo na sua concepção — enfurece-me. E, contudo, não sou mau nem cruel; sou louco, e isso duma forma difícil de conceber.


Embora tenha sido leitor voraz e ardente, não me lembro de qualquer livro que haja lido, em tal grau eram as minhas leituras estados do meu próprio espírito, sonhos meus — mais, provocações de sonhos. A minha própria recordação de acontecimentos, de coisas externas, é vaga, mais do que incoerente. Estremeço ao pensar quão pouco resta no meu espírito do que foi a minha vida passada. Eu, um homem convicto de que hoje é um sonho, sou menos do que uma coisa de hoje.



Minha nota:
acredito que existam almas gêmeas, sim. No entanto nem sempre estão vivendo no mesmo tempo que nós. Às vezes já se foram, mas fica a sua essência, e é com ela que nos identificamos. Pessoa, Kafka, Clarice, entendo-os com uma facilidade que só pode ser coisa de alma gêmea. Na vida não encontrei essas almas que, talvez pelo fato de não ter havido Prozac na época em que viveram esses seres extraordinários, (que provavelmente teriam se beneficiado desse aliviador de tensões mas ao mesmo tempo mascarador de almas) podemos ter hoje acesso a seus mais profundos pensamentos. 

sexta-feira, 5 de agosto de 2011


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Ao comer o arroz que geralmente faz parte do cardápio do meu almoço diário, fiquei penalizada pelos japoneses, que têm esse cereal como ingrediente principal de sua alimentação. O arroz deles, em muitos locais do Japão, já está comprometido pela radioatividade. O nosso aqui por enquanto parece que sofre apenas com os agrotóxicos!

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

APRENDENDO COM OS SONHOS...

foto daqui




Nunca é tarde para se aprender mais e mais. E o meu tipo predileto de aprendizado é quando consigo captar algo sobre mim mesma, que me ajude a entender melhor e saber lidar com uma dificuldade que cause um certo transtorno no viver. Viver bem é tudo o que eu quero. Comigo tem acontecido um fato relativamente novo, que é o de sonhar de forma mais intensa, lembrar-me do sonho e descobrir a mensagem oculta em seu conteúdo.
Hoje, por exemplo, acordei sentindo a nítida sensação de que uma importante mensagem me foi revelada: NÃO CONTE COM NINGUÉM PARA AJUDÁ-LO A REALIZAR SUAS TAREFAS. Isso não quer dizer que vou me tornar uma pessoa auto-suficiente e desprezar uma ajuda oferecida na hora oportuna, por alguém que demonstre boa vontade em colaborar comigo. Mas a ajuda tem que acabar aí. Se minha tarefa é mais longa tenho que contar comigo, pois ninguém tem obrigação de seguir o caminho a meu lado em missões que só a mim foram dadas executar.
Hoje sonhei o seguinte: estava numa firma trabalhando e uma colega deu-me a chance de ficar no lugar dela durante suas férias, já que havia falado com o chefe e ele concordou. Bem, ela ocupava um cargo super importante numa multinacional e seu chefe era o presidente da empresa, um americano que precisava de tudo para "ontem" (quero fazer um parênteses e dizer que a vida toda trabalhei como secretária executiva de multinacionais, sempre em cargo de vice-presidência, sendo que nas duas últimas firmas tive a chance de substituir a secretária do presidente por motivo de férias dela, até que chegou a chance de eu ocupar dali em diante o cargo de secretária do presidente). Acontece que parei de trabalhar em 1994, hoje sou aposentada e o sonho de ontem tem tudo a ver com aqueles tempos. Para quem tiver a curiosidade de ler essa longa dissertação, vamos lá....Em meu sonho dessa noite passada, estava eu para substituir a secretária que ia de férias e ela me passou um calhamaço de papel que teria que ser copiado em uma máquina super moderna, recém chegada na firma, que ninguém ainda sabia manusear, a não ser ela. Bem, aprendi o manejo e comecei o trabalho, sendo que minha colega estava ao meu lado. Na hora em que ia encerrar a tarefa, faltando uma última folha, percebi que a máquina não aceitava o comando e ela disse que para encerrar a cópia havia um comando especial que iria me ensinar. Só que nesse exato momento ela recebeu um telefonema dizendo que o sobrinho havia sido sequestrado e me deixou, saindo correndo por um caminho que se transformou em um quase charco, cheio de buracos, por onde ela conseguiu atravessar com facilidade. Já eu saí correndo atrás dela, na tentativa de ao menos ser informada verbalmente como faria para finalizar meu trabalho com as cópias. Só que eu estava de salto alto e a todo momento enganchava o salto nas irregularidades do terreno e cada vez me afastava mais da secretária. Resultado: não consegui terminar a tarefa. Não sei o que iria acontecer comigo, pois a cena seguinte do sonho foi mais problemática ainda: para eu me dirigir ao local de meu trabalho tinha que seguir por um caminho onde havia um tipo de labirinto formado por uma cerca de arame onde eu entrava mas não conseguia achar a saída. Os meus colegas que passavam por ali tentavam me ajudar e eu tinha que dar marcha ré e recomeçar o caminho. Minhas roupas ficaram rasgadas  pelo esforço de passar nos arames. Finalmente cheguei à minha sala e "meu chefe provisório" foi muito amável, sabendo das minhas dificuldades para chegar até lá. (não me perguntem como ele soube...rsrs)

A mim ficou claro que, apesar da boa vontade das pessoas, sempre pode acontecer um fato que faça com que a pessoa que está me ajudando fique impedida de continuar a fazê-lo. Por essas razões tenho que contar comigo e o melhor a fazer é entrar de cabeça em toda e qualquer situação, prestando toda a atenção possível, enquanto posso.



quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Tudo está na mente, a não ser o que a transcende...mas até para se saber o que é transcendência da mente, necessita-se dela para raciocinar a respeito. Claro que se houver uma experiência em estado alterado de consciência, em que se vive algo quase que impossivel de definir e explicar (porque para isso teríamos que usar a mente) a coisa fica como o dito pelo não dito, pois é mesmo tarefa fora de nosso alcance transmitirmos com fidelidade a experiência obtida num estado de não-mente. Acontece com muitas pessoas esse tipo de experiência, comigo já duas vezes e nem me atrevo a descrever o que foi isso. O que eu gostaria de compartilhar, no entanto,  é uma idéia que me veio hoje ao acordar, após um sonho repleto de ocorrências - a maioria muito agradáveis! -  em que fiquei na dúvida se, nos sonhos, transcendemos de alguma forma nossa consciência do dia a dia, ou se ainda estamos no terreno da mente, embora vivendo experiências totalmente diferentes de nossa rotina e vida em vigília. Digo isso porque tenho sentido uma diferença marcante em meu psiquismo ultimamente. Problemas psico-somáticos que venho carregando há 30 anos começam, de maneira surpreendente, a se dissipar. Tenho sonhado de maneira mais intensa que o usual e nos sonhos aparecem cenas que dão a impressão de serem escolhidas a dedo para me colocarem frente a situações que de outra forma não poderia visualisar (nem através da memória) e consequentemente, tentar refletir sobre o conteúdo delas para uma posterior libertação de certos traumas de infância.

Se alguém quiser compartilhar alguma idéia sobre o tema, fique à vontade. Esses assuntos sempre dão pano pra manga...


foto:aqui