O VIDRO
No café, uma libélula investe contra a ampla vidraça. Lá fora há carros estacionados, candeeiros discretos, árvores em tímida agitação. A libélula descansa durante alguns segundos, até voltar ao frenesi de quem procura atirar-se para dentro de um mundo próximo e, em simultâneo, inacessível.
A realidade não exige sentido, explicação nem emenda. Encontra-se por aí, absolutamente inexprimível em si mesma. As palavras emergem, num milagre sem autor definido. Erguem um vidro resistente. Compor o texto é percorrer o vidro. Temos a crença de que as coisas se deixam atrair pelo exercício do verbo.
Paramos a ler as sílabas ajustadas à ilusão. E regressamos à escrita. O exterior seduz teimosamente. Rouba-nos o sossego de existir.
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No café, uma libélula investe contra a ampla vidraça. Lá fora há carros estacionados, candeeiros discretos, árvores em tímida agitação. A libélula descansa durante alguns segundos, até voltar ao frenesi de quem procura atirar-se para dentro de um mundo próximo e, em simultâneo, inacessível.
A realidade não exige sentido, explicação nem emenda. Encontra-se por aí, absolutamente inexprimível em si mesma. As palavras emergem, num milagre sem autor definido. Erguem um vidro resistente. Compor o texto é percorrer o vidro. Temos a crença de que as coisas se deixam atrair pelo exercício do verbo.
Paramos a ler as sílabas ajustadas à ilusão. E regressamos à escrita. O exterior seduz teimosamente. Rouba-nos o sossego de existir.
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