Até fui olhar quando começa a primavera. Porque já sinto hoje os eflúvios, aquele ar com cheiro de primavera e que me invade a alma. Todos os anos é assim. Sinto essa estação do ano mais do que as outras três. Talvez porque tenha nacido dentro dela e os elementos comecem a me influenciar.... a madeira, meu elemento na medicina chinesa, vem com força para me curar, assim como a seiva dos caules e das flores, os cheiros ficam mais intensos...
Quando Vier a Primavera
Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.
(Poemas Inconjuntos, heterónimo de Fernando Pessoa)
3 comentários:
Sem dúvida, Fernando Pessoa, foi um exemplar poeta
Poema lindo de ler.
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Feliz domingo… abraço poético
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Gostei do poema, acho que já o tinha lido antes.
Por aqui aproxima-se o Outono...
um beijinho e bom fim-de-semana
Gosto das estações intermediárias, assim como das refeições intermediárias, como café da manhã e lanche da tarde.
Obrigada pela visita e beijnhos.
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