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domingo, 16 de agosto de 2020

consequências do confinamento ...página 1


 


Larguei a máscara que tinha acabado de costurar à mão (não gosto de costura) e corri ao computador. Já avisei numa postagem anterior que escrevo para eu mesma. Não pretendo que ninguém tenha paciência de ler ou consiga entender meus textos. 

Vamos lá.... para a solidão não há remédio. Não me iludo com subterfúgios. Não alugo ninguém para suportar-me. Serão duas pessoas insatisfeitas. Eu e o outro. Resolvi tocar esse barco sozinha há 40 anos. Ninguém iria me aguentar. Nem eu a outro ser humano. 

A quem não acredita em outra vida, peço que se faça a pergunta: para onde vai a alma, o espírito de um ser como Fernando Pessoa, Kafka, ou Clarice Lispector? A quem acredita em Deus pergunto: seria Deus medíocre a ponto de criar seres tão intensos para que ao morrer façam....puft....e pronto?

Minha mãe costumava incentivar~me, quando tinha eu uns 18/20 anos, a seguir a carreira de aeromoça ou polícia feminina. Ela achava o máximo. Eu me assustava, pois não nasci para isso. Ao receber um dia em nossa casa a visita de um casal americano, para falar no rádio amador do meu pai, abriu-se a oportunidade para que eu me mudasse para o Alabama (USA) e trabalhasse na Union Carbide. Eu sabia Inglês muito bem e o Jimmy prometeu-me uma vaga de secretária bilingue.  Não tive coragem de deixar minha família. E dizer que eu era feliz em minha casa é mentira. Meu pai era um carrasco. Hoje fico perplexa ao pensar que para minha mãe seria natural me deixar ir....

Minhas tralhas...o que faço com elas, alguém me ajude, por favor. Tenho pavor de morrer e deixar tanta coisa de estimação para que meus filhos decidam que destino dar. Por outro lado, se jogar tudo fora e deixá-los livres dessa incumbência, será que vão gostar?  Será que devo conversar com eles a esse respeito e pedir-lhes que destruam tudo o que não lhes interessar? Sim, acho que essa conversa é necessária.

Estou abrindo sites dos meus escritores favoritos, que são os mais melancólicos. Consola-me muito mais compartilhar meus dramas com os que mergulharam fundo em suas almas, do que encher linguiça com leitura superficial. A vida não é para ser desperdiçada com quinquilharias.

3 comentários:

redonda disse...

Parece-me uma boa ideia conversar com eles.
Também comecei a pensar algo parecido porque tenho muitos livros e há muitos que provavelmente já não vou ler ou reler.
um beijinho e uma boa noite

Maria Dolores Garrido disse...

Bom dia!
Conheci o seu blogue através do blogue Dona-Redonda. Gostei muito.
Este texto tocou-me porque, nos últimos tempos, tento despojar-me de coisas que, no futuro, pouco ou nada servirão às minhas filhas. Só lhes darão trabalho.
Um beijinho
Dolores (olamariana.blogspot.com)

sonia disse...

Bom dia, Dolores. Obrigada pela visita ao meu blog. Tentei visitar o seu mas consegui ver apenas o resumo do perfil.
Abraço.