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segunda-feira, 29 de julho de 2019
Enquanto fazia o arroz...
Hoje, enquanto fazia o arroz, lembrei-me da minha cidade natal e imaginei a mesma cena só que lá. Veio imediatamente (e como isso foi intenso) uma sensação tão boa, que quase senti o ar úmido de maresia janela adentro, o sol quente e o típico barulho da cidade num dia de semana normal. Inevitável foi recordar em alguns segundos o resumo de toda uma vida entremeada de alegrias e tristezas. Mas a presença de uma dor maior chegou para embaçar todo o brilho que se formava nessa recordação. A morte de uma irmãzinha querida.
Tendo já saído de onde morei por 23 anos para trabalhar na região do ABC em busca de um salário melhor, percebi que se não o tivesse feito então, seria inevitável fazê-lo quando a maior dor de minha vida chegasse para ceifar a alegria dos meus dias naquela cidade cheia de brilho. Seria meu destino abandonar tudo e mergulhar no desconhecido. O acolhimento da cidade que me viu nascer estava por completo destinado a ser tirado de mim.
Desde então procuro brincar de faz de conta. Como a criança segura uma boneca em suas mãos e faz de conta que está abraçando sua filhinha, eu vou sempre sentir a falta de um aconchego que me foi recusado para sempre!
De repente senti a dor do emigrante!
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