A experiência está cada vez mais intensa entre eu e minha cachorrinha. Tenho aprendido mais em 1 mês com ela do que em quase todo o meu tempo de vida antes dela.
Meu filho se queixou de que eu não cuidava com o mesmo zelo da Pipoca, do Pistache e da Puppy, outros fox paulistinhas que tivemos. Na hora não tive resposta, mas agora sei perfeitamente porque: eu tinha dois filhos pequenos para cuidar, mal sobrava tempo para fazer a comida das cachorrinhas, (naquele tempo não havia esse negócio de ração). Viveram 14, 17 anos e uma foi roubada.
Bem, meu destino sempre foi cuidar. Nunca tive uma natureza de abandonar o que cai sob minha responsabilidade. E quando sinto que está faltando algo eu vou atrás e arrumo alguma "sarna para me coçar". Até as plantas me cativam, que dirá um animalzinho que não pede, não exige nada de você, está totalmente dependente de suas escolhas sobre como tratá-lo, oferecer-lhe conforto, não deixar faltar-lhe água e ração (agora a moda é ração, então vamos lá, pois já peguei a Juju com 1 ano e 2 meses, acostumada assim).
A cada dia me surpreendo com algo diferente nessa cachorrinha, que mais parece minha mestra espiritual! Ela se comunica comigo de várias formas. Aos poucos estou aprendendo sua linguagem. Não quero treiná-la para nada. Não farei com ela o que não gostaria que fizessem comigo. Esse negócio de treinar para dar a patinha, estou fora! Quero-a livre justamente para poder conhecê-la bem.
Não digo que não perdi uma certa liberdade, mas para falar a verdade, não fazia grande coisa com essa tal de liberdade. Tinha até uma leve depressão na parte da manhã, que sumiu misteriosamente depois que a Juju chegou aqui em casa. Ela é lindinha, mas muito medrosa e assustada. Na rua tenho que ter paciência para esperar por ela, quando cisma de "empacar" como um burro teimoso. Às vezes sei o motivo: algum cachorro grande por perto. Outras vezes não sei o que poderia deixá-la paralisada de medo ou seja lá do que...ainda terei muito que aprender. Respeito seu ritmo, pois o meu sempre foi de caminhar ao lado de alguém. Como não havia alguém sob meus cuidados, meus passos andavam meio sem ritmo, e sem ritmo andava minha mente, que insistia em pensar demais.
Hoje ao olhar para ela e ver dois olhinhos lindos, cor de mel, brilhantes, olhando diretamente nos meus olhos, chego a chorar por sentir que ao menos uma vez na vida tenho alguém que me quer bem (filhos à parte, claro!).
Limpando o chão hoje cedo reparei que agora junto aos fios de cabelo de quem digita há os pelos de quem me acompanha!
2 comentários:
Que ternura tão grande nas suas palavras, Sónia. Fico encantada a lê-la, lembro-me do afecto da minha querida amiga, a boxer que nos acompanhou durante 13 anos. Eu também não lhe ensinava habilidades, também gostava de a ter livre. Mas ela percebia tanto, tinha um vocabulário que me supreendia. Se eu lhe dizia, vai buscar a bolinha ela olhava para mim com atenção , a pensar, e depois partia à procura, pela casa, e passado um bocado, às vezes eu já nem me lembrava, lá aparecia ela com a bolinha. Depois, nesses dias em que ela queria brincadeira, eu dizia, agora vai buscar o brinquedo. E lá ela pensava e lá ia e, ao fim de um bocado, lá aparecia, toda contente com o brinquedo. Depois, eu dizia, agora já chega, deita, fica aqui deitadinha, e ela deitava-se, aninhadinha a olhar para mim. Era uma querida, macia, muito amiga.
Com os meus filhos era uma festa, brincava, saltava, uma exuberância.
Fico muito contente por ver a interacção e empatia que já existe entre si e a Jujukinha.
Bons passeios, bons momentos.
Beijinhos!
Você tem a alma sensível e na mesma frequência que eu. Sofremos mais, em compensação sentimos a vida com mais intensidade.
Mas a sua cachorrinha era MUITO inteligente, hein? Desta aqui não espero grandes lances, pois já veio criada de outra casa. Ficava num quintalzinho com outros cachorros, até mordida feia ela levou. Talvez por isso seja tão assustadiça e medrosa quando sai à rua comigo.
Beijos.
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