Dizem que precisamos virar a página para viver a vida no momento presente. Isso é bom. Mas percebi hoje, num breve insight, que não adianta só virar a página. Antes de fazê-lo temos que ter lido e apreendido todo o conteúdo daquela página. Temos que entender o significado de cada frase escrita, refletir sobre o seu significado e nos perguntar se realmente entendemos a mensagem que nos foi passada. Ficaram ressentimentos? Então você não terminou a leitura. Ficaram saudades? Ainda não pode virar a página. Temos que colocar óculos que não se vende em lojas, chamado: os óculos do desapego. Esses óculos têm lente de aumento, para que possamos não esquecer de que tudo o que vemos tem a ver conosco, tudo aconteceu com a nossa pessoa, tem relação à nossa vida pessoal. Não podemos deixar escapar detalhes que não nos agradaram. E aos que nos foram benéficos e prazerosos, podemos dizer adeus sorrindo e agradecendo por esses momentos. Há quem não os tenha tido.. Há quem morreu em idade que não foi suficiente para acumular muitas lembranças, boas ou ruins.
Bem, depois de feito o trabalho de virar realmente a página, podemos fazer dos nossos dias, de cada um deles, uma oportunidade para aprender com o que nos vai acontecendo. Sempre acontecem muitas coisas no intervalo de apenas um dia. Nem que você fique sentado numa sala vazia, sozinho. Há mil coisas acontecendo. Nossa mente é misteriosa e consegue fazer malabarismos.
O que me motivou a escrever isso foi um e-mail que acabei de receber, oferecendo terapia breve, para pessoas que já sabem o que querem discutir em grupo, pois a duração desse curso é de apenas 3 meses e não há tempo para uma psicanálise profunda. É tipo pronto-socorro emocional. Já se foi o tempo em que eu achava isso ótimo. Nunca experimentei, mas achei uma ideia fantástica. É como um caixa eletrônico: em pouco tempo você consegue fazer a operação de depósito ou saque, ou pagamento, sem perder muito tempo nisso.
Só que aconteceu comigo de ter que buscar dentro de mim o que estava acontecendo para explicar a mim mesma porque me sentia de certa forma. Na época eu não tinha tempo nem dinheiro para gastar em terapias, longas ou breves. No momento em que tudo ficou claro (já estava tudo aqui, eu só não tinha coragem de encarar) não senti mais necessidade de falar sobre o que me aconteceu e como lidei com o que me aconteceu. Ninguém pode mudar o passado: a responsabilidade foi só minha.
Hoje posso assegurar a quem quiser que não tenho mais a mínima timidez e medo de pessoas. Lido sem o menor problema com todos os tipos de personalidade. Só me dou o direito de dispensar gente que não me agrada. Acho ótimo que eu consiga ter discernimento e não perca tempo com processos que ao fim e ao cabo chegariam ao ponto de gerar descontentamento. Eu sinto cheiro de encrenca antes que ela vire a esquina e dê de cara comigo!!!