Ontem ouvi um senhor na TV, sobrevivente do holocausto, falar sobre suas lembranças de infância, e o estranho é que ele não tinha lembrança de seu tempo nos campos de concentração. Foi salvo aos 5 anos de idade por uma mulher (não me lembro agora de seu nome), mas tem nítida lembrança de um fato que ocorreu pouco tempo depois de ter sido salvo. A família tinha um veículo da marca Ford, daqueles bem "quadradinhos" (expressão dele). Um dia, passeando com os pais pelas ruas de Amsterdã, levava uma moedinha na mão que acabou escorregando por uma fenda, entre o painel e o motor. Ele ficou muito triste ao perder a moedinha holandesa. A Holanda estava sob o domínio das tropas alemãs, que saqueavam as casas dos judeus, levando tudo de valor, inclusive os carros. Eis que o fordinho foi-se e nunca mais recuperaram. Pois bem: Esse senhor, a partir daquele dia (tinha 5 anos), até uma idade avançada na juventude, sofreu calado e sentiu-se culpado pelo desaparecimento do carro da familia, pois achava que isso tinha a ver com o fato de ele ter perdido a moedinha dentro do veículo e de alguma forma despertar a curiosidade dos soldados alemães.
Eu sinto desconforto ao lembrar-me das fendas, e para falar a verdade sinto até um certo cheiro de bueiro, escoadouro, embora não me venha à lembrança nada que eu tenha deixado escorregar numa fenda. Mas tenho quase certeza de que isso aconteceu alguma vez, embora a memória me fuja no momento.
Um comentário:
Nem consigo ler fatos ligados a Hitller, um assassino como é agora Putin.
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Feliz fim de semana… abraço poético
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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