Tenho idade suficiente para ter vivido o tempo em que não havia TV, celular nem internet. O primeiro telefone de que tenho lembrança era preto, pesadão, e quase inacessível nos meus 4/5 anos de idade. Lembro-me de que as pessoas viviam seus dias enfrentando tudo com uma relativa boa vontade. A geladeira na casa da minha avó era um armário com uma repartição de alumínio, onde se colocava uma grande pedra de gelo, que chegava num carrinho. O carregador trazia a pedra envolta num pano e eu sempre achava que ele ia deixar cair a pedra no chão. Não sei como providenciavam comida naquela casa pois minha avó não saía para as compras. Minha tia fazia todo o serviço da casa e minha mãe cuidava de nós, filhas. Acho que meu pai comprava as coisas. Logo que pude sair à rua fui escalada para comprar o pão do lanche da tarde. Perguntava à minha tia: suiço ou de água? Lá vinha eu com a bengala e o chá mate já estava esperando à mesa.
Pulando no tempo, hoje moro sozinha, tenho celular, TV a cabo e internet. Adoro o progresso. Não trocaria isso por nada dos tempos antigos. Nada? Sim, trocaria uma coisa: daria tudo para saber como é viver sem estresse. Naquele tempo não se falava nisso. Será que havia estresse? Via as pessoas tristes ou alegres, bravas ou felizes, mas a palavra estresse ainda não havia sido inventada. Talvez o estado emocional já habitasse os seres amorosos que cuidavam de mim, mas a vida corria mais naturalmente...
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