De repente, do nada, veio-me à memória uma amiga de juventude, que morava a poucas quadras de minha casa e com quem saíamos de vez em quando, eu e minha irmã. Era uma pessoa suave, sempre tranquila, a quem eu admirava, talvez por ser eu tão diferente, sempre repleta de inquietações existenciais.
Mas o que mais se ressaltou nessa lembrança, agora, sem mais nem menos, foi a pergunta: o que andará ela fazendo a essa altura da vida? Estará casada, viúva, separada, solteira, com filhos, netos, enfim, qual será seu estilo de vida no momento? Se ela soubesse o que eu vivo...bem, nem sei se ainda se lembra de mim, ou se minha imagem vem à sua memória apenas em momentos que se associam a fatos da cidade onde vivemos na infância, adolescência e juventude.
Isso que escrevi acima é o que se pode chamar seguramente de NOSTALGIA.( Oxford English Dictionary: Sentimental longing for or regretful memory of a period of the past, esp. one in an individual’s own lifetime; (also) sentimental imagining or evocation of a period of the past) .
Decididamente não gosto de nostalgia. Prefiro o momento presente.
Por que a memória, se o que precisamos para tocar a vida sem melancolia é viver o momento? Memória devia ser um dispositivo que acionássemos intencionalmente e não esse fantasma que chega de repente para deixar um gosto triste de certeza do "nunca mais".
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Gosto da primavera e do outono, gosto do café da manhã e do lanche da tarde.
Mais do que do verão ou do inverno, gosto da primavera e do outono.
Mais do que do almoço ou da janta, gosto do café da manhã e do lanche da tarde.
É apenas um gosto. O gosto pelos intermediários, por aquilo que não é bem definido.
Há uma beleza e um sabor especiais nos intermediários.
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O mar veio e destruiu um a um, ainda em fase de construção, todos os meus castelos de areia.
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Por que algumas cenas passadas voltam de vez em quando à memória, mesmo que aparentemente não tenham tido o menor significado para mim?
Por exemplo, me vejo em duas situações totalmente comuns, que voltam à memória de tempos em tempos, sem que tenha havido intenção de fazê-las surgir na mente.
Uma vez, estava em São Vicente, isso há muitos anos, devia ter uns 18, 19 anos e passei por um local onde havia um tipo de edifício pintado de branco, com um muro arredondado, que não me recordo o que era, se uma igreja ou repartição pública. Lembro-me bem do muro arredondado e eu estava na calçada passando por lá. Outra vez eu já tinha entre 27 e 30 anos, estava saindo da casa de uma manicure, por um corredor que ficava paralelo ao jardim da casa. Nos dois casos não havia acontecido nada que me tivesse deixado abalada emocionalmente.
Então fico pensando que nossa mente tem várias gavetas, e numa delas talvez sejam guardados os momentos em que houve uma grande conscientização, embora nenhuma intenção consciente de registrar os fatos. Só que para a mente isso não deve fazer diferença. A diferença está na força consciente que produz um registro indelével. Mais tarde, com o correr dos anos, esse registro volta à tela mental sem que saibamos o motivo. E outras coisas que teriam sido mais marcantes em minha vida, envolvendo pessoas e questões emocionais carregadas de intensidade, entraram para o território da maioria dos sonhos que temos, ou seja, um lugar a que não teremos acesso nunca mais. Só sei que existiram quando alguém faz referência a esses momentos e eu percebo que não me recordo deles.
A vida é mesmo um mistério para ser vivido e não para ser solucionado!
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A partir de hoje incluirei em meu blog fatos que considero relevantes em se tratando do reino animal. Tenho duas cachorrinhas e sempre há algo inusitado, divertido ou incomum acontecendo. Até agora nunca me ocupei de incluir como parte de minhas experiências no blog histórias com as cachorrinhas adoráveis que me acompanham no dia a dia.
Começo hoje com um caso que será entitulado:
A briga por uma pipoca.
De vez em quando costumo estourar pipoca para completar o lanche da noite. Hoje foi dia. A pequena (5 1/2 meses), chamada Tootsie, gosta de filar as pipocas, chegando sorrateira e fazendo olhos pedintes. Acabo dando algumas pipocas que ela devora num piscar de olhos. A juju só olhando...Achei que ficou com vontade de experimentar e coloquei uma bem perto do local onde estava deitada, no sofá. Não comeu. Mas sentiu-se proprietária do presente recebido, defendendo-o contra a intrusa Tootsie que já ficou de olho para surrupiar a guloseima. Isso porque eu achei que 5 ou 6 pipocas na idade dela eram mais que suficientes, depois da ração da noite (que vem sempre acompanhada de frango ou carne cozida picada).
A cena foi muito engraçada. A Juju começou a rosnar toda a vez que a Tootsie se aproximava do seu território. Eu falava: come a pipoca, Juju. E ela...nada. Deitada no sofá, exibia seu troféu com orgulho e garra, defendendo-o contra a intrusa que chegou em casa outro dia e já quer dominar tudo...
Eis que as duas ouviram um barulho no corredor (que só elas ouviram) e era o cachorrinho do vizinho de cima. Correram para a porta e começaram a latir do lado de dentro do apartamento. De repente devem ter percebido que deixaram a pipoca abandonada sobre o sofá e correram para buscá-lo.Só que a Tootsie ganhou a corrida. 5 meses, e mais magra que a outra de 3 anos fizeram toda a diferença. Num bote certeiro a Tootsie abocanhou a pipoca e correu para debaixo do sofá. A Juju olhou-me com uma carinha que era mais de "deixa pra lá, o jeito é me conformar com a nova "amiga" e fingir que a pipoca não era tão importante assim.
Eis que a Tootsie aparece com um ar de quem sabe que é moleca arteira, confia em seu charme e beleza para deixar qualquer cachorrinha de 3 anos sentindo-se fora do páreo!