(essa foto é tirada por mim, espero que desta vez o google respeite a propriedade)
Conversando com pessoas da minha idade, ainda não encontrei quem as conheça ou já as tenha visto em algum lugar. Acho incrível! Será que só meu avô escrevia essas cartas? Hoje quis postar uma delas aqui, datada de 10/12/1931. Essa carta foi dirigida à minha tia, filha dele, única mulher entre os quatro filhos de meu avô José, de quem não me lembro, pois morreu quando eu tinha 2 anos de idade.
Minha tia, filha dele, faleceu em junho último. Fiquei encarregada de embalar e fazer a mudança de todas as suas coisas (que não eram poucas), acumuladas durante toda uma vida. Não jogava nada fora, muito menos a caixinha de cartas que seu pai mandava a ela toda a vez em que minha tia ia de férias a Poços de Caldas e deixava seu pai saudoso, em Santos, com minha avó e os filhos.
Essas cartas são preciosas. Ele foi um artista! Construiu para mim, por ocasião de meu 2o. aniversário, uma roda gigante feita a serrinha manual, toda em madeira fina, clara, onde as cadeirinhas eram representadas por cestas com balas de alfenis. Tenho uma foto dessa maravilha de roda gigante, que fazia parte do cenário onde havia um bolo salpicado de coco ralado e eu toda dengosa, fazendo pose, com vestido branco de organdi e tranças amarradas ao alto da cabeça.
Se as pessoas ao lerem isso puderem ampliar o tamanho da foto, fico feliz, pois entenderão o que é uma carta enigmática. Explico brevemente: algumas palavras dessa carta são substituídas por desenhos, feitos com bico de pena, tinta nankin preta e colorida. Uma preciosidade. Guardo-as com carinho e vou lê-las uma a uma. É claro que se alguém se dispuser a fazê-las, até por curiosidade, poderá ser usada uma caneta tinteiro. A bic nessas horas fica totalmente fora de cogitação, não faria o efeito necessário, que é "o detalhe" de cada desenho.
2 comentários:
Olá Sónia,
Tão bonita essa carta! Sabe que agora está de novo na moda escrever com desenhos para tornar a escrita independente da língua? Mas essa aí está uma ternura. Que bom que tenha vindo parar em suas mãos. Dá vontade emoldurar, não?
Beijinhos.
Tenho várias dela numa caixinha, que pretendo fotografar com uma câmera para postar aqui no blog. Os textos são tão carinhosos, que por aí dá para perceber o quanto meu avô era um pai muito querido para minha tia. Ela morreu com 95 anos, solteira, mas sempre rodeada de muito amor. Viveu para cuidar dos necessitados: parentes, vizinhos e amigos. Até que não teve mais condições para isso e o Papai do Céu (como ela dizia) a levou para junto dele.
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