Total de visualizações de página

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

ver-me liberta-me de mim




http://thmari.blogspot.com.br/2010/12/blogosfera.html


O que mais me comove em Fernando Pessoa é a generosidade e a compaixão com as quais escreve. Como se quisesse nos dar dicas para lidar com o existencial humano. Vejam esse texto abaixo, de onde separei alguns trechos que parecem justificar o que escrevo acima:





426.

Considerar a nossa maior angústia como um incidente sem importância, não só na vida do universo, mas na da nossa mesma alma, é o princípio da sabedoria.
.........
.........

Escrevo isto sob a opressão de um tédio que parece não caber em mim, ou precisar de mais que da minha alma para ter onde estar; de uma opressão de todos e de tudo que me estrangula e desvaira; de um sentimento físico da incompreensão alheia que me perturba e esmaga. Mas ergo a cabeça para o céu azul alheio, exponho a face ao vento inconscientemente fresco, baixo as pálpebras depois de ter visto, esqueço a face depois de ter sentido. Não fico melhor, mas fico diferente. Ver-me liberta-me de mim. Quase sorrio, não porque me compreenda, mas porque, tendo-me tornado outro, me deixei de poder compreender. No alto do céu, como um nada visível, uma nuvem pequeníssima é um esquecimento branco do universo inteiro.

2 comentários:

Mariana disse...

Sônia, não tinha visto que você postou minha fotografia aqui. Obrigada! Abraço.

sonia disse...

quem fica agradecida sou eu por deliciar-me com essa visão relaxante! Beijocas, bom fds.