palma da mão de meu filho mais novo
Ainda preciso aprender a lidar com a vida em alguns aspectos (aceitar que nada é mais importante do que qualquer outra coisa).
Por exemplo, estava agora a digitar um trabalho que me dispus a fazer por conta própria e de repente, do nada, chegam-me fragmentos de cenas vividas há muitos anos. Fatos corriqueiros, que agora se imiscuem por entre meu texto e que me fazem parar um pouco e prestar-lhes atenção. Chega a ser digno de uma reflexão mais apurada perceber como isso acontece, na medida em que nada do que estou escrevendo tem a mínima relação com o que surge no pensamento. É como uma entidade intrusa, que comparece sem ao menos ter sido convidada. E isso faz imediatamente com que me dê conta de o quanto a vida é breve. O quanto são fugazes os momentos vividos, que se passam como se fossem acidentes, como partes do roteiro de um filme que o diretor resolveu encaixar na história, para completar o enredo com pequenos fatos. Pois há que se preencher o tempo dado a cada um de nós com pequenos acontecimentos, pois apenas de fatos é formada toda uma vida!
E o mais instigante é que enquanto esses fatos aconteciam, há muito tempo, eu nem sonhava que iriam desaparecer, como fatos, e ficar na memória para surgirem como assombrações, no meio de uma atividade qualquer do presente, como durante a digitação de um texto.