Queria fazer uma experiência, se fosse possível. Dormir como sou e acordar eu mesma, mas numa situação em que já tivesse me acostumado e me adaptado perfeitamente ao que se costuma chamar: velhice. Sim, porque essa definição "velha" ou "idosa" ainda não fica bem para mim. Sinto que estou - mal comparando - na segunda adolescência, que no caso precede a velhice. E como toda adolescente, estou insegura, confusa, desorientada, sem perspectivas. Pra não falar de certo mau humor, implicância com coisas e pessoas, o que se assemelha muito à primeira adolescência. O que compensa todo esse pacote de dissabores é meu bom humor. Estou sempre pronta a um diálogo, vejo certas coisas pelo lado humorístico e me pego rindo por dentro de roteiros que vou criando para situações que poderiam ser tragicômicas, como quase tudo na vida.
Vejo senhoras, quando vou à rua, perfeitamente encaixadas em seus status, caminhando tranquilamente, com um olhar de quem já aceitou sem problemas a situação que hoje desfrutam, diria até, com um certo brilho nos olhos. É como se dissessem: missão cumprida. E continuassem a desfilar seus vestidinhos soltos, seus cabelinhos brancos, seus sapatinhos baixos, de encontro a seus filhos e netos, curtindo a vida com natural serenidade.
Confesso que nem de longe vislumbro minha pessoa numa situação dessas. E não é por falta de idade cronológica, mas acho que até, por uma questão de hereditariedade, meus antepassados nunca ficaram "velhinhos". Meus filhos chegaram a me dizer: "o vovô não é um velho, né, mamãe? Quando ele vai ficar velhinho?"
Se eu seguir a tendência, vou desta para outra em plena segunda adolescência. Talvez um clone da Maxine, que eu adoro!
2 comentários:
Gostei muito desta forma de compreender a passagem do tempo...
É a correcta... e a inteligente posição.
Devo ter puxado à minha bisavó materna, que tinha uma natureza bem parecida à minha.
Obrigada pela visita.
Postar um comentário