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sábado, 19 de fevereiro de 2011






Às vezes gosto de sair a pé, para passear à noite, quando há uma bela lua cheia no céu e a temperatura está agradável. Como hoje, por exemplo. Fui de carro fazer uma compra agora mesmo e no caminho percebi algo que me deixou triste e revoltada: nessa cidade onde moro não há um só local onde se possa dar uma volta à pé, tomar um sorvete, encontrar pessoas como nós, passeando e jogando conversa fora. Ou você se enfia num barzinho, ou fica entocada no apartamento, isolada de tudo e de todos.


Acho que o povo daqui não sente falta do que eu sinto. Talvez por haver nascido e morado em Santos por 23 anos, costumava passear na calçada que beira a orla marítima e chegava em casa com aquela sensação boa de energia renovada. Mas as pessoas daqui nunca se preocuparam em criar uma área onde se possa ter um lazer noturno sem risco de ser assaltado na primeira esquina.


Será que o prefeito não tem imaginação? Acho que vou mandar uma cópia a ele.


Na semana que vem vou a Santos, sem falta. Uma outra lua dessas ou até uma meia-lua não me pegam mais dentro do apartamento!

domingo, 13 de fevereiro de 2011


Passei praticamente o domingo inteiro lendo Fernando Pessoa. Estou em modificado estado de consciência, profundamente tocada pelo conteúdo de sua escrita, em O Livro do Desassossego.

Interrompi a leitura para dizer que sinto-me privilegiada em haver nascido numa terra onde se fala o idioma Português, porque ler Pessoa no original é para poucos. Por melhor que esse livro seja traduzido acredito que algo se perde numa tradução. As metáforas de Pessoa são quase divinas! Tenho vontade de emendar a leitura com o sono, apenas para não passar pelo estágio da vida comum. Ler esse livro tem me feito um bem imenso, mergulho na alma de todos os homens de maneira mais acertada, como se tivesse acabado de aprender a nadar muito bem e pudesse atravessar, de uma margem a outra, um rio onde antes nunca havia me aventurado a botar os pés!

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

quanta coisa para se viver ao mesmo tempo...




Ainda bem que eu acredito em reencarnação. De outra forma estaria perdida e infeliz.
Ao voltar para casa hoje à tarde, de repente tive um insight sobre como é difícil no mundo de hoje, as pessoas controlarem o desejo de viverem de tudo ao mesmo tempo, com medo de estarem perdendo justamente o que poderia ser o melhor, o mais importante para se sentir "no mundo". É inevitável. Ouvindo o rádio, alguém fala de um programa de computador que faz coisas que até Deus duvida e o melhor - já está disponível para cada um de nós - a um preço que promete logo logo ser bem acessível. E aí o cidadão já se sente um pouco infeliz se não puder ter aquele treco de última hora (de última geração nem se cogita mais...).

Então, repito: ainda bem que acredito em reencarnação: peço todos os dias que continue de onde parei. Claro que não vou pedir para não pagar pelos meus pecados, mas juro que não quero nascer numa época "pra trás" (acho que isso está fora do regulamento do após-vida). Gosto de comunicação, seria a mais infeliz das mulheres se morasse num local onde não pudesse trocar informações. Mas aí eu já acho que estou pedindo muito. Depois que eu me for, o ego acaba e nascerei num corpo com outro ego e quem sabe até na pele de um aldeão que nunca viu nada melhor que um radinho de pilha...