Era da minha tia. Eu cobiçei essa cadeira por muito tempo. Mas ela nunca disse que ia ficar para mim. Cheguei a pensar que ia me deixar de herança. Era pobre e não tinha nada de valor material. Mas acabei herdando essa cadeira por um acaso. Fui a sobrinha e afilhada que cuidou de todos os pertences dela quando morreu. Ninguém quis pegar esse encargo para si. Eu morava longe, em outra cidade e tirei 10 dias durante 2 semanas exclusivamente para selecionar o que prestava e o que ia ser descartado. Para piorar, ela era um pouco acumuladora. O quarto estava cheio de sacolinhas de plástico com mil objetos. Durante esses 10 dias em que lá fiquei, ajeitei um colchonete no chão da sala onde dormia. O café da manha trazia da padaria. O melhor pãozinho que já comi na vida! E o melhor queijo prato também.
Escrevi tudo isso para dizer que as coisas são realmente relativas. Hoje a cadeira está na minha sala e se eu sentei-me nela 2 ou 3 vezes em 10 anos, foi muito. Não sou uma velha de cadeira de balanço, cheguei a essa conclusão, embora concorde que é uma obra de arte .É austríaca, meu avô trouxe do navio, pois trabalhava nas Docas de Santos.
E aí está ela, a cadeira de balanço, que hoje ganhou almofada nova. Lembro-me da minha tia querida todas as vezes em que olho para essa cadeira.
Boa Páscoa Gábi