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domingo, 26 de agosto de 2012

CARREGANDO PESO







A vida vai passando, passando e um dia a gente se pergunta: e se aquele cretino não tivesse sido perverso comigo na época em que eu ainda era crédula, ingênua e fazia tudo pelo outro sem medir esforços, apenas porque me dava alegria ver a pessoa feliz? E ainda tem gente que diz que você tem que perdoar....ah! faça-me o favor. Quem tem que perdoar é Deus. Isso agora é problema da pessoa. Não fui eu quem usei de maldade, falsidade, perversidade, agressividade, violência e outras ferramentas pouco nobres da natureza humana. O que posso fazer em relação à pessoa a quem me refiro é jogá-la na lata de lixo, como já fiz. Não desejo vingança, deixei o ajuste de contas a cargo do ser superior, cuja contabilidade é perfeita. Eu costumo - e isso é uma característica própria - deletar a pessoa da minha vida (tenho Vênus em Escorpião). Esqueço-a. Não sofro um pingo por causa dela. Nem desejo o mal. Que viva o que tem que viver e me deixe na santa paz.

Aliás, só me lembrei de dizer isso aqui, agora, porque cheguei do supermercado cansada, carregando compras e vendo que desde que era muito jovem, já fazia tudo sozinha, sem ajuda. Nunca fui pessoa de ter mordomias, e hoje, justamente, bateu-me um cansaço muito grande de tanto batalhar sem ajuda de ninguém.

Por isso - e só por isso - eu acredito na chance de reparo. Para tal é necessário um processo que não está claro para ninguém, mas eu simplesmente sinto que a coisa não fica sem acerto de contas.

domingo, 19 de agosto de 2012

MÉDICOS SEM FRONTEIRAS






Não consigo assistir à propaganda do Médicos Sem Fronteiras. A começar pela música, muito triste, as imagens daquelas pobres criancinhas sofridas, com desencanto no olhar, é algo que me leva às lágrimas. Hoje, justamente na hora em que estava almoçando, passou a tal propaganda e tenho a impressão de que a comida que eu engolia me fazia mal, só de pensar na fome que aquelas crianças passam o tempo todo...
Definitivamente, O MUNDO NÃO É JUSTO!
Se a gente pudesse confiar que a ajuda e dinheiro seriam empregados totalmente a favor dessa causa, amanhã mesmo eu iria me inscrever. Mas depois do que eu soube do que acontece no CRIANÇA ESPERANÇA, fiquei desencantada e precisaria de maiores informações a respeito do Médicos Sem Fronteiras.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Voltando ao tema: sonhos...




Às vezes tenho sonhos em que estou tão integrada no contexto e numa vida tão diferente daquela que vivo no momento, que chego a pensar que se a morte for parecida com isso, não há o que temer. Digo isso pois a única coisa que ainda me deixa triste é saber que posso, de onde estarei, sentir saudade dos meus filhos e isso seria um castigo.
No sonho de hoje eu estava envolvida em um ambiente e enredo tão estranhos a tudo o que tenho vivido até então, que nem de longe traria qualquer lembrança dessa vida. Se a morte for assim, será apenas uma continuação com um outro roteiro, outro ego, outra condição, embora eu tenha percebido que em meus sonhos sempre estou metida em fatos em que tenho que correr atrás do que desejo e vários impedimentos vão acontecendo pelo caminho.
Dirão alguns: faça uma análise e isso ficará mais claro. Bobagem, pois na minha idade não me iludo em começar algum plano novo de vida. Estou feliz com a minha missão. Não desejo trocar de vida com ninguém, nem que me fosse oferecida a oportunidade. Talvez isso explique a teoria da reencarnação, mas até isso eu preciso ver com mais cuidado. Talvez precise ler um livro que vi no blog .http://odestinomarcaahora.blogspot.com.br/ . Gosto de me por à prova em assuntos metafísicos, até para encarar a vida como ela deve ser encarada.



quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Capítulo 315 (Livro do Desassossego)





imagem da internet
Perder tempo comporta uma estética. Há, para os subtis nas sensações, um formulário da inércia que inclui receitas para todas as formas de lucidez. A estratégia com que se luta com a noção das conveniências sociais, com os impulsos dos instintos, com as solicitações do sentimento exige um estudo que qualquer mero esteta não suporta fazer.  A uma acurada etiologia dos escrúpulos deve seguir-se uma diagnose irónica das subserviências à normalidade. Há a cultivar, também, a agilidade contra as intrusões da vida; um cuidado (...) deve couraçar-nos contra sentir as opiniões alheias, e uma mole indiferença encamar-nos a alma contra os golpes surdos da coexistência com os outros.


(esse texto é muito importante , difícil segui-lo à risca, mas eu sou meio rebelde e estou quase chegando lá...)

O texto entre parêntesis (...) representa que no original o editor não conseguiu decifrar o que F.Pessoa queria dizer, pois sua caligrafia era às vezes, ilegível.


sábado, 4 de agosto de 2012

NO METRÔ






Aceitar as coisas surpreendentemente boas sabendo que não é para se fazer história daquilo. Curtir o instante. Enxergar aquela pessoa e ver apenas o que está sendo exposto, o que ela te oferece. Respeitar o momento de cada um, sabendo que o outro está num momento próprio que é diferente do seu. Agradecer por saber que há quem viva solidões parecidas às suas e mais ainda, perceber que para essa pessoa eu possa ter representado um momento agradável, se considerar o momento de despedida numa plataforma de metrô, onde ganhei um abraço e um sorriso cheio de carinho no olhar. Sem expectativas. Tudo muito verdadeiro.

Pensei que há anjos que nos acompanham por alguns momentos apenas para dar um toque de eternidade às nossas vidas.


sexta-feira, 3 de agosto de 2012

LAVAR A LOUÇA PODE NÃO SER TÃO RUIM ASSIM...




imagem da internet




Já vai longe o dia em que operei a coluna, quase uns 20 anos...

Mas hoje, ao lavar a louça do jantar passou-me uma vontade de deixar o serviço para depois e então lembrei-me de um fato ocorrido durante o tempo em que fiquei internada no hospital por ocasião da cirurgia,e tratei de mudar minha disposição de ânimo, o que fez com que lavasse toda a louça em questão de minutos.

Explico: o pós-operatório de qualquer cirurgia não é nada agradável e o meu foi bem doloroso, na cama, praticamente imóvel, sentindo uma forte dor por causa do corte e as consequências de terem retirado um disco da 5a. vértebra lombar que havia sido esmagado por causa de um tombo forte.

Enquanto eu me recuperava na cama do hospital, (naquela época eu ainda tinha plano de saude que me dava esse privilégio), ouvia os barulhos que vinham, não do quarto ao lado, mas da copa do andar onde eu me encontrava, cuja parede dava para a cabeceira da minha cama. Então o som do qual me lembro até hoje era de louça de café sendo lavada e colocada em escorredores de metal, eu sentia que era isso, mesmo sem ver, pelo tipo do barulho. Pois bem, esse barulho me fez refletir, naquela ocasião, que eu seria a pessoa mais feliz do mundo se pudesse estar lavando aquelas xícaras, pires e colherinhas naquela copa de hospital. Trocaria isso pela dor e fraqueza que o pós operatório havia me causado.

Mais tarde,quando já podia dar alguns passos no corredor, outro fato veio me servir como reflexão: via os limpadores de vidraça do hospital, pendurados em andaimes, com seus baldes e rodinhos e pensava com meus botões: que vontade de ir correndo lá e dizer a eles que sintam a felicidade que é ter saúde e poder trabalhar, poder produzir ...(eu me sentia um nada, um traste inútil caminhando em passinhos curtos como uma anciã).

E desde então, nunca mais me queixei de ter que lavar a louça!