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sexta-feira, 3 de abril de 2020

IT TAKES TWO TO TANGO

It Takes Two to Tango: Modalities and benefits of the ...




Enquanto procuro me distrair dentro de casa nesses tempos difíceis veio-me ao pensamento, enquanto ouço um site de músicas do meu agrado, que nunca tive happy hours. Essas horas são aquelas que as pessoas reservavam para depois do trabalho. Geralmente iam em grupos pequenos ou mesmo em casais para fechar o dia com algum lazer. 


Nessa época eu era responsável por dois filhos (o que ainda sou) e corria para casa depois de 8 horas de trabalho aturando ordens e procurando não focalizar a atenção nos machistas da época. Era infernal o quanto os homens (e até mulheres)se utilizavam da mão de obra feminina, que era boa e barata. Era às mulheres que cabiam as tarefas mais desagradáveis. Eu até que não podia me queixar pois como secretária da presidência de multinacionais minhas atribuições estavam dentro das menos desagradáveis de uma empresa. Ao lidar com o Inglês sempre senti mais prazer que dor nas tarefas que executei. Mas como toda mulher dos anos 60 ainda era muito submissa aos padrões da época e minha revolta ficava sempre no nivel subliminar. Já vinha de longe esse estado de coisas, desde a infância, quando um pai déspota me aterrorizava os dias. Enfim, cresci medrosa, porém muito revoltada, pois lúcida do que se passava, tinha energia apenas para uma revolta interior. O medo me paralizava.


Hoje sinto falta das transgressões que não cometi.


Sinto falta das happy hours que não frequentei.


Agora fica só a dor dentro do peito a cada vez que recordo minha falta de coragem.


Enfim, faltou energia para desafiar. Faltou talvez alguém para juntar forças às poucas que tinha na época e dar um salto para o futuro.


2 comentários:

redonda disse...

Eu penso que encontrei as minhas happy hours nos livros
Quando era jovem não saia, só o comecei a fazer mais quando comecei a trabalhar mas em algumas saídas sentia era sono e preferia ocupar o tempo de outra maneira. Acho que também não tive a coragem de o fazer em adolescente ou nem sequer pensei nisso.
um beijinho e uma Boa Páscoa, com muita saúde e tudo de bom
Gábi

sonia disse...

Eu sempre senti inclinação pelos livros e música. Raramente me entediava. Mas na juventude a gente acha que a galinha do vizinho bota ovo amarelinho. No final das contas, acabamos percebendo que fazíamos o que mais gostávamos. As happy hours só começaram a surgir quando eu já era adulta. Você é mais jovem :)
Boa Páscoa pra você com muita paz e saúde.
Beijinhos,
Sônia