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quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

UM MAL-ESTAR QUE HOJE SERIA CONSIDERADO UM ASSÉDIO SEXUAL

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Talvez pelo fato de o tema estar em destaque esses dias, lembrei-me de um mal-estar que passei quando tinha meus 10 anos de idade.

Hoje já seria caracterizado por importunação sexual, ou algo do tipo.

Estava numa pizzaria em São Vicente com minha família: pais, avô e irmã. Comíamos uma pizza, que era um prato que eu amava...e de repente percebo que em uma mesa próxima, um par de olhos masculinos me espreitava. Olhava fixo para mim, e ao perceber que insistia, baixei os olhos e tentei levar à boca mais um pedaço da pizza. A coisa não desceu bem. Ao levantar os olhos eis que o homem além de olhar, sorria. Fiquei constrangida, pois além de tímida tinha medo que meu pai percebesse. Ia dar barraco, pois ele era nervoso e tinha pavio curto. 

Contei isso porque o fato de não me sair da memória é sinal de que foi um acontecimento marcante. Para quem já tinha medo do pai desde que nasceu, o fato de ver um outro homem numa atitude que me fazia encolher de medo, deixou tudo numa dimensão confusa e apavorante. Nunca contei isso pra ninguém, estranho. Agora entendo porque muitas mulheres deixam de relatar um abuso sexual logo após o incidente. Há algo na natureza de uma mulher que é frágil demais. Existe um medo de que a culpa seja nossa, mesmo aos 10 anos. Eu era bonitinha mas nunca havia passado por situação semelhante.

Esse homem que me violentou com o olhar asqueroso devia ter na época uns 30 anos mas conseguiu estragar meu jantar. A pizza que eu tanto adoraria ter comido ficou quase toda no prato.

O mais instigante é constatar agora que ninguém da minha família percebeu. Viram como é complicado???

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Será que havia estresse?

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Tenho idade suficiente para ter vivido o tempo em que não havia TV, celular nem internet.  O primeiro telefone de que tenho lembrança era preto, pesadão, e quase inacessível nos meus 4/5 anos de idade. Lembro-me de que as pessoas viviam seus dias enfrentando tudo com uma relativa boa vontade. A geladeira na casa da minha avó era um armário com uma repartição de alumínio, onde se colocava uma grande pedra de gelo, que chegava num carrinho. O carregador trazia a pedra envolta num pano e eu sempre achava que ele ia deixar cair a pedra no chão. Não sei como providenciavam comida naquela casa pois minha avó não saía para as compras. Minha tia fazia todo o serviço da casa e minha mãe cuidava de nós, filhas. Acho que meu pai comprava as coisas. Logo que pude sair à rua fui escalada  para comprar o pão do lanche da tarde. Perguntava à minha tia: suiço ou de água? Lá vinha eu com a bengala e o chá mate já estava esperando à mesa. 

Pulando no tempo, hoje moro sozinha, tenho celular, TV a cabo e internet. Adoro o progresso. Não trocaria isso por nada dos tempos antigos. Nada? Sim, trocaria uma coisa: daria tudo para saber como é viver sem estresse. Naquele tempo não se falava nisso. Será que havia estresse? Via as pessoas tristes ou alegres, bravas ou felizes, mas a palavra estresse ainda não havia sido inventada. Talvez o estado emocional já habitasse os seres amorosos que cuidavam de mim, mas a vida corria mais naturalmente...

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

CATA CACA

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Estou na fase de escrever sobre o que sinto em relação ao que vivo....sem vontade de buscar um assunto objetivo, que não tenha a ver com minha vida. Para isso há pessoas bem mais habilidosas que eu. Consigo falar sobre o que reflito, a partir do que vejo.

Hoje converso sobre o quanto estamos, apesar de todo o avanço tecnológico, complicando nossas vidas. Chega a ser cômico, às vezes. Um exemplo que ilustra o que quero dizer é a engenhoca para catar cocô de cachorro. Fiquei perplexa ao ver como funciona. 

Na praça onde passeio com minhas duas cachorrinhas assisti a uma cena insólita: uma senhora, segurando seu cachorro com uma das mãos, portava, além de uma sacola, um objeto pesado, estranho e desconhecido para mim (ver foto acima). De repente ela pegou da sacola um saco plástico e revestiu parte da engenhoca. Em seguida, baixando o objeto ao chão, puxou a alavanca do artefato, vestiu a sacola plástica na extremidade, e como uma boca de dentes mecânicos, abocanhou a porção deixada por seu cachorro. 

Olhei espantada para aquilo, perguntando-me de que utilidade seria  algo que é pesado, desconfortável para levar num passeio com o totó e mais complicado que apenas um saquinho plástico para catar caca de cachorro, dar um nó e descartar no lixo mais próximo.

Às vezes o progresso só complica. O robô já anda pelas ruas e nem percebemos...

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

a melhor idade






(foto tirada por mim, na sala de jantar)


Muitos dizem  que é a velhice. Se é para viver intensamente o aqui e agora a infância é definitivamente (ao menos para mim) a melhor idade.

Só na infância não temos o que recordar. Vivemos tudo no momento e só vamos nos lembrar de parte disso tudo na idade adulta/velhice. E aí escolhemos o que fazer com o passado. Eu decidi recordar só momentos bons, alegres, divertidos. Se posso compartilhar com parentes que conviveram comigo, muito bom! Se não, recordo sozinha e agradeço sempre por ainda poder me lembrar de tanta coisa.

São tantas que eu precisaria escrever um livro. Mas aí é como álbum de fotografia de família. Só interessa a quem está nas fotos e parta os outros até se torna maçante ter que ver essas fotos todas, já que não conhecemos quase ninguém.

O filme da vida não pode ser revelado e passado mais tarde para nos encantar a alma. Quando pequenos não sabemos o quanto teríamos que valorizar e guardar momentos tão preciosos na memória. Eu me esqueci de muuuuuitas coisas. Mas lembro-me de outras que me surpreendem. Fatos corriqueiros, cenas fugidias, coisas comuns que a mim, sei lá porque, estão vivas. Chego a me ver criança, participando do roteiro da minha vida. 

Não posso me queixar. Para cada ato acontecido que gerou sofrimento, há outro que gerou alegria. Devo pois agradecer porque perto de muitas outras vidas, na média, a minha tem sido boa.

Valeu a pena chegar até aqui!!!!!

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

MUDANÇAS








Cada vez mais preciso de menos. Só que preciso muito desse menos.


Difícil explicar, mas vou tentar. Por exemplo, no mundo da informática, preciso da internet (mas desinstalei o face book), preciso do celular, embora me esqueça dele quando estou entretida com algo que goste (e isso acontece constantemente). Preciso ler, mas não tenho comprado livros. Antes, faço releituras de livros que li há mais de 20 anos. Quase não compro roupas novas pois ainda tenho muitas e boas de anos passados. Como sempre fui chegada ao estilo clássico, continuo sempre na moda. Já viajei o suficiente. Não sei se muito ou pouco, é relativo. Agora pago para não ir longe. Gostava de algumas coisas que hoje me parecem totalmente desnecessárias. Mas não abro mão de minha privacidade. Não sei o que é me sentir só. De uma certa forma nunca me adaptei a viver dependente de companhia 24/7. Antes não tinha tempo para cuidar de um cachorro como gostaria. Hoje tenho duas filhotas que não largo por nada. E o mais importante: escolho o tempo que cada vez é mais precioso, para estar junto a meus filhos, que é com quem eu realmente divido meu coração.


Não quero mais compromissos com coisa alguma. Nunca fui de seguir uma religião específica. Mas sempre fiz parte de grupos filosóficos ou metafísicos, até mesmo de natureza espiritualista, que me ajudaram no caminho, até o dia em que senti que podia caminhar por conta própria. 


O que me comovia antes, hoje não é capaz de me arrancar uma lágrima, embora continue sensível a pequenos detalhes que vejo em pessoas, animais e plantas. O mar, a lua, o sol sempre fizeram parte de um mundo mágico para mim. 


Enfim, vivo plenamente tudo o que se me apresenta. E sou grata ao sagrado por me apresentar a vida em todas as nuances.

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

O ESCORREDOR DE LOUÇA, TALHERES, ETC...

Escorredor de Louça Costa Azul 10 Pratos Prata - Meridional
(imagem da internet)


(usando os eletrodomésticos e afins para dar forma a idéias que me chegam à mente, já que com eles convivo diariamente)....


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Hoje é dia do escorredor de pratos 😊. Tenho uma paixão que às vezes me cansa (como toda paixão). Mas até acho bom que ela faça parte de mim, principalmente agora na idade mais avançada. É o gosto por cozinhar. Não me abandona nunca.

Hoje é dia do escorredor de pratos, talheres, etc. Finalmente, após muitos anos de procrastinação, comprei um do jeito que queria. Sempre tive os de plástico, mais baratos. Mas como geralmente o barato sai caro, já tive uns 5 ou 6 e todos ou quebraram, racharam ou eram difíceis de lavar. O problema dos escorredores de inox é o preço. Mas resolvi dar um upgrade na minha auto-estima, e honrando o talento de mestre cuca avaliei que mereço um dos bons, pelos anos de dedicação à arte culinária. 

Estou tão contente de vê-lo todo pampeiro fazendo seu papel na minha cozinha, que tenho a certeza de haver feito uma boa ação comigo mesma!

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Brincadeira de criança

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Desde criança adorava brincar com coisas que provocavam a imaginação, como quebra-cabeças, adivinhações, etc.

Lembro-me de uma das brincadeiras prediletas das quais participavam algumas crianças ou adolescentes que tinham de escolher uma pessoa para ficar longe do grupo, enquanto as outras combinavam uma palavra que teria que ser adivinhada pela pessoa que ficou separada. De preferência um substantivo comum. Não valia verbo, nome próprio, etc.... A pessoa podia fazer perguntas para adivinhar a palavra,do tipo: pode-se comer? a gente tem em casa? a gente usa pra sair? e uma série de outras....para poder excluir coisas e aumentar a chance de se adivinhar. O critério para se contar os pontos ganhos ficava por conta do grupo. Eu amava essa brincadeira.

Outro dia imaginei que se fosse condenada a viver numa ilha por um mês e me dessem a chance de escolher um só tipo de cada item abaixo, o que escolheria?

a) refeição
b) bebida
c) livro
d) hobby
e) vestimenta
f) calçado
g) radio, celular ou tv
h) cama, rede ou futton
i) um animal
j) acrescente por conta própria mais um item que seja importante para você

Já sei quais seriam minhas escolhas. Gostaria que meus poucos seguidores participassem dessa brincadeira, de alguém que tem muito o que fazer o dia inteiro mas consegue arranjar uma horinha para se divertir e recordar a infância.

Brincar com esse tipo de coisa sempre me anima.....😄😄😄😄😄😄😄😄

terça-feira, 2 de outubro de 2018

LAVADORA DE ROUPA

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(usando os eletrodomésticos para dar forma a idéias que me chegam à mente, já que com eles convivo diariamente)



Tudo começou com a bendita lavadora. Tenho uma há 46 anos, ainda funcionando perfeitamente. Claro que já troquei a mangueira e uma vez ou outra alguma braçadeira, mas o motor ainda é o mesmo. Estava colocando minhas roupas para lavar quando me dei conta de que sempre segui à risca as instruções para o bom uso dessa máquina. Não usar alvejantes, detergentes ou desinfetantes, usar o nível de água indicado para a lavagem das roupas, girar o botão regulador sempre para a direita, etc. etc.

De repente me dei conta de que tenho uma tendência a "seguir as instruções" de tudo.

Nem sempre isso é o suficiente. Você tem que ousar em matéria de criatividade, quando é para agregar valor ao seu tempo, que cada vez é mais curto. Há pessoas que "jogam" com a lavadora de maneira a facilitar suas vidas. Reparei que uma amiga fazia com a máquina o que os garotos hoje fazem com os joguinhos eletrônicos. Mexia aqui e ali desde que fosse para facilitar sua vida. Alterava os ciclos de lavagem, pré lavagem, enxágue, e ainda aproveitava a água da última lavagem para lavar o quintal de sua casa. Isso há 40 anos. Ainda me lembro. Mas também reparei que ela é esperta para tudo o que faz. Sempre sabe onde comprar coisas para sua casa e economizar muito dinheiro... e isso considerando que tem dinheiro para viver confortavelmente

Eu nasci com tendência para seguir as regras. Desconfio que essa virtude já não pode ser considerada tão nobre assim....

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

solidão

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Prefiro mil vezes a solidão a um, do que a solidão a dois. Já experimentei ambas.

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

o circulo se fechou




Vou ao terraço esperar o filho para o almoço e filosofo um pouco sobre o que acontece na rua onde moro. Logo sinto o aroma de comida sendo feita, quem sabe um arroz bem temperado da vizinha de cima. Os carros passam, noto as peruas escolares que levam vidas que estão apenas começando, vejo a estudante negra caminhando com um agasalho de moleton onde se lê PSICOLOGIA, e imediatamente penso: o que será dela quando se formar? Achará emprego? Está difícil para o branco, o que dirá para o negro, que ainda sofre preconceito neste país. Num país onde mais da metade da população tem traços africanos, como é possível haver ainda um preconceito em relação à raça? O que passa pela cabeça dessa moça enquanto volta da escola para o almoço em casa? É melhor que não se aprofunde muito ou perceberá a falta de escrúpulos da sociedade....

A paz que me invade nessa terceira idade era esperada e ao mesmo tempo temida, quando ainda jovem, via num terraço qualquer da cidade onde nasci, uma senhora da idade observando a vida passar. Sentia tristeza por ver alguém nessa situação, eu que estava cheia de planos e projetos na vida. Hoje sou eu essa velha senhora e vejo que passam jovens pela rua que nem ao menos percebem minha presença tímida num terraço de apartamento. 

O círculo se completou. É a vida. Havemos de aproveitar cada instante!!!!

segunda-feira, 30 de julho de 2018

O super ego recalcou o ego que deseja o alterego....


(quadro de Vermeer - Moça com brinco de pérola)


Inventar uma história sempre foi difícil para mim. Só sei falar sobre a vida, de preferência sobre a própria. Quando nossa vida é plena de eventos, a realidade resulta melhor que a ficção. Poderia escrever sem parar, até morrer. No entanto é mais prudente esvaziar essa caixa mental vez ou outra, para que não transborde.

Desconfio que se uma pessoa olhar durante muto tempo para alguém, vai captar e até mesmo absorver um pouco de sua alma e personalidade.

A experiência que tive sábado quero descrever o melhor que puder. Num banco de uma lanchonete em frente à praia, em Santos (cidade onde nasci e vivi por 23 anos), o que pude observar não prometia deixar rastros...mas deixou. E o pior, rastros que agora me perturbam, machucam um pouco o coração, como mordidas de uma boca sem dentes.

Encontrei por acaso(?) meu alter ego sentada com o namorado, tomando um lanche que já parecia terminado. Sentada próximo a eles, percebi que havia naquela mulher de aproximados 35 anos, um rosto agradável, mais para bonito que feio, olhos claros porém encovados e sombrios, pele clara, cabelo escuro de corte médio, boca característica de pessoas seguras de si e levemente sarcásticas (muito levemente). Era uma boca agradável, mas feita para desconfiar de todos, sem deixar de expressar simpatia pelo interlocutor. Seu namorado, de quem só avistei o rosto num relance, quando se levantaram para ir embora, ficou de costas para mim o tempo inteiro e percebi que devia ter, pelo porte e uma calva aparecendo no cocuruto, uns 43 anos aproximados. Os dois estavam num diálogo, eu diria, bem equilibrado. Ele falava sem mover a cabeça, olhando sem cessar para ela. Mesmo estando de costas percebe-se esse tipo de coisa. Ela, por sua vez, falava tranquilamente,  num equilíbrio perfeito. Não desviava o olhar para os arredores . O que mais me deixou impressionada e perplexa foi a expressão do rosto dessa moça. Sempre atenta ao que o namorado falava, mas a boca....ah! a boca denotava um auto-controle sobre toda e qualquer emoção que porventura estivesse sentindo.

No momento em que percebi isso, aí sim, não perdi um segundo sequer da cena. Ela era o que eu sempre gostaria de ter sido na minha juventude. Queria ter tido aquela boca, aqueles olhos azuis (que se guardavam de refletir emoções), a tranquilidade e gentileza com que acolhia tudo o que o rapaz dizia, (isso é essencial) sem parecer envolvida no assunto a ponto de se perturbar ou pegar para si os problemas ou alegrias do outro.

Em instante algum ela se traiu. A boca (ah, se eu soubesse desenhá-la) estava coberta por um batom rosa alaranjado pálido, era de tamanho médio e com o lábio superior levemente arqueado nas extremidades, mas muito levemente. Era uma boca bonita. Passava auto-confiança e segurança. Pronta para enfrentar o que houvesse. Tudo o que eu não era. 

Quando se levantou para ir embora, senti que um pouco de mim foi junto com ela. O corpo era tipico das brasileiras cadeirudas e de coxas grossas, embora da cintura para cima tivesse um tórax delicado.

Agora me resta pedir aos céus que tire essa imagem da minha frente. Não tenho o direito de invejar ninguém, até porque sou gratíssima pela vida que tenho hoje. Mas confesso que se pudesse voltar atrás, se pudesse ter novamente 25 ou 30 anos, queria esse ar de poder e auto-controle que essa moça me passou.

Desejo de coração que ela possa viver o que eu não pude. Que ela possa se manifestar como eu não consegui. Que seja abençoada!!!

sexta-feira, 27 de julho de 2018

o lado bom da velhice ou tudo é relativo....a efemeridade das coisas




Todas as fases têm seu lado bom, apesar das dificuldades e problemas. Chego a pensar que existe um equilíbrio divino no final das contas, pois cada fase de vida nos dá oportunidade de vivências bem diferentes uma da outra.

Na infância temos o encantamento sempre presente da descoberta do mundo, a nosso jeito, em que coisas pequenas tornam-se sagradas, encantadoras e misteriosas. Quando crianças brincamos e falamos sozinhos, pois existe um tal envolvimento no que estamos fazendo, que um montinho de terra e algumas florzinhas podem representar um bosque encantado. Os elementos naturais nos bastam e são escolhidos como nossos companheiros de brincadeiras prediletos. Há muita magia em tudo e esse nosso mundinho nos basta, desde que estejamos bem alimentados e recebamos um tantinho de carinho de quem cuida de nós.

Na adolescência, que considero a fase mais difícil de todas (posso assim dizer pois já ando na velhice avançada) há o perigo da aventura por um novo mundo. Estamos nos despedindo dos brinquedos da infância, que já não nos seduzem tanto, e nos arremessamos num turbilhão de emoções fortes demais para serem vividas por alguém que mal acabou de sair do mundo da fantasia. Sentimos que chegou a hora de aprender a arriscar alguns lances, a sociedade assim o solicita, mas temos a insegurança de parecermos ridículos. Já não aceitamos muitas regras dos pais e professores, no entanto ainda não temos força nas asas para voar alto. Arriscamos pequenos vôos de galinha e às vezes nos damos mal...mas a vida continua a nos desafiar. Há tanto o que fazer...tanto o que experimentar...então tudo começa a ficar colorido demais e acaba por nos seduzir. Começam a surgir os primeiros impulsos em direção ao outro e logo chega o que chamamos de amor. Aí é uma verdadeira montanha russa. Muita emoção rolando alto e baixo, muito riso e muito choro, muita alegria e muito sofrimento. Há nessa época um alto índice de suicídios ou atentados que não chegam a se concretizar. 

Quando acaba a adolescência chega a fase em que, já com algum dinheirinho nosso, acreditamos que a melhor coisa do mundo é viver no nosso canto, ser independente, sair correndo da casa dos pais, (que a essa altura só nos sufocam). Fazemos malabarismos até conseguir um cantinho num quarto de pensão, numa kitinet e muitas vezes dividimos com um conhecido (nem precisa ser muito amigo)) um espaço onde vamos viver tudo novamente: alegrias, lutas, decepções, entusiasmo, cansaço, desafios, enfim, a coisa toda continua sob outro prisma.

A meia idade é a época em que começamos a perceber que muito esforço foi desperdiçado, muita energia foi gasta para pouco usufruto, (porque já não nos interessamos por 50% do que nos atraía até então) e tratamos de perceber que ninguém tem obrigação de satisfazer nossas expectativas. Vamos aprendendo com tombos feios, alguns quase nos aleijam, e daí tentamos recomeçar a nosso jeito ( a essa altura já antevemos razoavelmente a maneira de viver de que podemos dar conta). 

Quem nasceu para viver junto de alguém se estabiliza com um parceiro e procura enfrentar a vida a dois, pois o medo de ficar sozinho é maior que a dificuldade de tolerar as idiossincrasias de outro ser humano. (pensa-se: ao menos tenho alguém para me ajudar a atravessar a ponte da vida). Mas há os que a essa altura não confiam em ninguém. Já apanharam tanto, foram tão humilhados e enganados que preferem dar conta de viver sem partilhar alegrias e tristezas. Cada um sabe de si e há aqueles que sabem melhor ainda, que não nasceram para viver a dois por alguns motivos que os fizeram desconfiados e temerosos. Há quem não tenha mais subsídios emocionais para enfrentar o outro. E a crença de que ninguém no mundo se sentiria feliz conosco (aí entra o fator fidelidade que é um caso de foro íntimo) reforça mais essa decisão. Cada um faz concessões, a seu modo. Mas há quem prefira não se submeter aos caprichos muitas vezes mesquinhos e estúpidos do outro.

Bem, isso tudo é fruto da minha observação durante a vida e aquela que foi minha opção há anos está se confirmando como a melhor escolha. Por que? Porque a cada dia tenho mais certeza de que fiz a escolha certa, porque a cada dia sinto mais paz e felicidade verdadeiras dentro do meu coração. Só sei agradecer e agradecer a tudo o que foi e tem sido minha vida!!!

Mas não me perguntem se na juventude eu queria encarar a velhice....


domingo, 13 de maio de 2018

HOMENAGEM PÓSTUMA PELO DIA DAS MÃES (reprodução de postagem)


                                                 (tenho uns 50 volumes destes livrinhos preciosos)

Deito-me para descansar um pouco, talvez dormir. Na posição "deitada de lado", recolho um pouco as pernas e eis-me, sem querer, na posição fetal. De repente isso me lembra o dia das mães, que se comemora hoje. Posição fetal é o sinal mais evidente de que fomos gerados e nos desenvolvemos de um jeito  enrolado para nos proteger do que ainda não pressentimos Mesmo antes de nascer somos frágeis, já podemos antever que a condição do homem é de total fragilidade. Por isso quando vemos uma pessoa deitada nessa posição, por maior e mais musculosa que seja, vai deixar aparecer uma certa fragilidade que é inerente ao ser humano e a muitos animais. 

Minha homenagem póstuma ao dia das mães é agradecê-la por ter cuidado para que eu sobrevivesse à vulnerabilidade da vida, por ter me alimentado, cuidado de minhas necessidades vitais e pela dedicação que colocou na minha vida intelectual, ensinando-me a ler aos 5 anos de idade, comprando a coleção inteira das Edições Melhoramentos, Biblioteca Infantil,  dos livrinhos de contos infantis (que guardo até hoje). 

Só eu sei o que daria para tê-la ao meu lado novamente. Mas é poder que não tenho, fazer voltar o passado. O que posso no momento é pedir que esteja usufruindo de todo o direito de ser feliz seja onde for, que é o que merece, por ter sido uma heroína, considerando o que passou na vida e conseguiu superar até seu último dia.                                                 (tenho uns 50 volumes destes livrinhos preciosos)

Deito-me para descansar um pouco, talvez dormir. Na posição "deitada de lado", recolho um pouco as pernas e eis-me, sem querer, na posição fetal. De repente isso me lembra o dia das mães, que se comemora hoje. Posição fetal é o sinal mais evidente de que fomos gerados e nos desenvolvemos de um jeito  enrolado para nos proteger do que ainda não pressentimos Mesmo antes de nascer somos frágeis, já podemos antever que a condição do homem é de total fragilidade. Por isso quando vemos uma pessoa deitada nessa posição, por maior e mais musculosa que seja, vai deixar aparecer uma certa fragilidade que é inerente ao ser humano e a muitos animais. 

Minha homenagem póstuma ao dia das mães é agradecê-la por ter cuidado para que eu sobrevivesse à vulnerabilidade da vida, por ter me alimentado, cuidado de minhas necessidades vitais e pela dedicação que colocou na minha vida intelectual, ensinando-me a ler aos 5 anos de idade, comprando a coleção inteira das Edições Melhoramentos, Biblioteca Infantil,  dos livrinhos de contos infantis (que guardo até hoje). 

Só eu sei o que daria para tê-la ao meu lado novamente. Mas é poder que não tenho, fazer voltar o passado. O que posso no momento é pedir que esteja usufruindo de todo o direito de ser feliz seja onde for, que é o que merece, por ter sido uma heroína, considerando o que passou na vida e conseguiu superar até seu último dia.

quinta-feira, 10 de maio de 2018

O AGAPANTO




                                                                          (foto do quintal da casa da minha irmã)


Quando uma coisa me afeta, não me sai mais da memória. Descobri que tenho mente mais analítica do que artística, embora me emocionem certas coisas que a natureza nos oferece como verdadeiros presentes: uma flor, por exemplo. Hoje, ao conversar com minha irmã pelo whatsapp recebi a foto de uma flor que há no jardim da casa onde mora e imediatamente respondi: "que lindo esse agapanto!" Ela disse que não sabia o nome da flor. Eu sabia seu nome quando era ainda criança e morávamos em Santos. O tom de azul e o formato dessa flor me impressionavam, talvez por ser muito alta para minha estatura de criança. 

Foi aí que respondi a ela: "você não se lembra do nome porque tem mente de artista e eu tenho mente de cientista." Eu presto atenção aos detalhes que envolvem alguma coisa que me afeta, que me emociona. Ela sente e manifesta o sentimento através da arte. Digitou no zapp: "Nossa, vc é uma poeta, isso sim!"

quinta-feira, 19 de abril de 2018

DESAPEGO (uma palavra que tem mil significados)






Ando às voltas com o pensamento no desapego. Como vou fazer a escolha do que doar e do  que  descartar? Tudo o que tenho representa alguma coisa de valor. Para mim, apenas o estimativo. Mas talvez ninguém entenda que me dói na alma apenas um descarte: meus livros e algumas fotos . Foi com os livros que passei os melhores momentos da vida. Sou grata à minha mãe por ter me incentivado a leitura desde que aprendi com ela a ler, aos 5 anos de idade. Desde então, nunca mais parei. Fiz amigos e irmãos de alma entre os escritores que elegi como meus favoritos. Deixar meus livros é como deixar um pedaço da minha alma na Terra, quando eu partir.

Tudo o mais podem jogar no caminhão do lixo.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Enquanto não chegam ideias

                                                                 (foto da internet)


O que me faz silenciar por tanto tempo? Preciso escrever. Tenho um blog e não o uso. É como ter um carro na garagem e perceber que se não usá-lo vou ter problemas. A bateria descarrega, na melhor das hipóteses. Venho pensando muito, então o ruído interno não cessa. Jogar o ruído para fora alivia? Não sei, há que se dizer de forma interessante o que se tem a dizer. Há que fazer nexo, ter uma certa graça. Há que se desenvolver uma ideia com uma sequência que deixe um rastro de um mínimo de inteligência. Alguém, não me lembro quem, disse que escrevemos para não enlouquecermos. Pode ser. Mas há um momento em que isso não é assim. Quando as letras ficam como que guardadas dentro de uma caixinha no cérebro e você sabe que para fazê-las sair da caixa há a necessidade de dizer algo que faça sentido, ao menos para você e esse momento não chega, será o bloqueio de escritor? Mas nem ao menos sou escritora...Por que esse malu estar em sentir que estou me afastando de uma das poucas atividades que me dão um certo prazer? Muito já não faço e arrisco dizer que nem tenho vontade de inventar lazeres! As coisas cada vez mais, menos me motivam. Continuo com o mesmo entusiasmo, dedicação e amor, no entanto, para aquilo que me move. Adoro minha rotina que foi criada por alguém que não sou eu. Quando vejo já é hora de fazer o que acabo fazendo sempre na mesma hora, sem que determine isso. Apenas acontece. Meu ritmo biológico se ajustou numa constância que me surpreende. E me agrada. É o que me defende de acidentes maiores. Os pequenos tenho sempre, como qualquer ser humano: cortar o dedo durante o preparo dos alimentos, dar um mau jeito enquanto passeio com as cachorras, cansar-me mais facilmente pela própria idade, mas vou sem pressa. O ritmo se faz por si mesmo, pois a natureza é sábia. Protege-nos mesmo quando não estamos alertas e isso tudo para nos dizer que temos uma tarefa a cumprir até o último suspiro!