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sábado, 9 de julho de 2016

Porque não gosto da memória

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Acho que me identifico com autores que falam dos dramas da alma humana. Embora inventem uma história, fazem-no para encaixar alguma coisa pessoal que fica melhor se dita de forma a despertar interesse; e nada como uma boa história para contar sobre si e os desafios que a vida representa para todo ser humano.

Clarice Lispector, Fernando Pessoa e Franz Kafka, entre alguns outros, são escritores que me preenchem a alma. Falam-me direto ao coração, deixam-me sempre com uma sensação de que encontrei um irmão, uma irmã de alma. 

Talvez por isso não me esforço para dizer alguma coisa, quando vejo que eles já disseram quase tudo. O fio da vida é o mesmo, o que muda são as contas que se enfiam nesse cordão. A cada um foi dado viver seu desafio, escolher o sentido da vida, criá-lo mesmo, para enfrentar todos os momentos. 

Viver não é tarefa fácil, e penso que quem sabe colocar em palavras o que lhe vai à alma, tem a vantagem de aliviar a tensão de existir. Sempre nos resta o passado a recordar, queiramos ou não. E aí reside todo o problema. Se conseguíssemos estar sempre no presente não existiriam escritores, a vida seria uma sucessão de eventos, descartados logo após alguns instantes de presença em cada um de nós. Mas a memória é o grande calcanhar de Aquiles. É aí que começa o peso. Já não conseguimos mais a leveza de simplesmente existir. E corremos atrás de algum filósofo, algumas vezes psicólogo e até psiquiatras, quando a coisa começa a ficar insustentável.

Deixar a carga para trás é a sabedoria de quem escolheu viver bem. Não se prender a ideologias, religiões, padrões, apegos, é o que precisamos para viver bem.

Ainda não consegui fazer minha alma parar de mastigar o chiclé cansativo e amargo que insisto em não cuspir fora.

2 comentários:

redonda disse...

Para lidar com o passado quando me parece insustentável às vezes escrevo num diário.

sonia disse...

Tudo ajuda quando compartilhado com alguém. Um diário é uma forma de compartilhar, também, uma forma de exteriorizar o que vai na alma, só que mais pessoal. Com o tempo aprendi a me expor sem dar muita importância à minha pessoa, ao meu ego. Isso depois que descobri que todos passamos por dramas e nada do que eu digo deve ser novidade e causar surpresa!
Beijinho,
Sônia