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quinta-feira, 14 de julho de 2016

Numa peixaria no Mercado Municipal de Santos...

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Nunca façam o que se segue com seus filhos. NUNCA!!!

Eu devia ter 3 ou 4 anos, tinha a mania de descer do carro junto com meu pai, toda vez que ele parava para ir a uma farmácia, mercado, enfim, qualquer lugar.

Um dia parou numa peixaria do Mercado de Santos, desceu do carro entrou na peixaria, perguntou alguma coisa e logo saiu pela entrada lateral. As duas entradas eram divididas por uma coluna de alvenaria. Eu corri atrás e quando vi que ele saiu pela outra porta, tentei alcançá-lo mas ele, rapidamente entrou no carro, deu a partida e foi embora. Eu fiquei na calçada gritando como uma desesperada e até hoje me lembro da cena de horror. Achei que nunca mais ia ver meus pais. Os lojistas todos correram à porta de seu comércio, assustados com o que estava acontecendo e gritavam para meu pai voltar. Ele deu marcha-a-ré e voltou para me pegar. Disse que foi uma lição para eu aprender a ficar no carro quando ele descia para ir a algum lugar.

Com isso ele deixou de ser amado por mim. A partir daquele evento de horror, passei a ter dois sentimentos por ele: medo e respeito. O segundo era apenas consequência do primeiro.

Não sei se foi a partir daquele dia, nunca mais confiei em homem algum.

sábado, 9 de julho de 2016

Porque não gosto da memória

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Acho que me identifico com autores que falam dos dramas da alma humana. Embora inventem uma história, fazem-no para encaixar alguma coisa pessoal que fica melhor se dita de forma a despertar interesse; e nada como uma boa história para contar sobre si e os desafios que a vida representa para todo ser humano.

Clarice Lispector, Fernando Pessoa e Franz Kafka, entre alguns outros, são escritores que me preenchem a alma. Falam-me direto ao coração, deixam-me sempre com uma sensação de que encontrei um irmão, uma irmã de alma. 

Talvez por isso não me esforço para dizer alguma coisa, quando vejo que eles já disseram quase tudo. O fio da vida é o mesmo, o que muda são as contas que se enfiam nesse cordão. A cada um foi dado viver seu desafio, escolher o sentido da vida, criá-lo mesmo, para enfrentar todos os momentos. 

Viver não é tarefa fácil, e penso que quem sabe colocar em palavras o que lhe vai à alma, tem a vantagem de aliviar a tensão de existir. Sempre nos resta o passado a recordar, queiramos ou não. E aí reside todo o problema. Se conseguíssemos estar sempre no presente não existiriam escritores, a vida seria uma sucessão de eventos, descartados logo após alguns instantes de presença em cada um de nós. Mas a memória é o grande calcanhar de Aquiles. É aí que começa o peso. Já não conseguimos mais a leveza de simplesmente existir. E corremos atrás de algum filósofo, algumas vezes psicólogo e até psiquiatras, quando a coisa começa a ficar insustentável.

Deixar a carga para trás é a sabedoria de quem escolheu viver bem. Não se prender a ideologias, religiões, padrões, apegos, é o que precisamos para viver bem.

Ainda não consegui fazer minha alma parar de mastigar o chiclé cansativo e amargo que insisto em não cuspir fora.