Total de visualizações de página

segunda-feira, 15 de julho de 2013

a casa da vovó







Ai, que saudade que eu tenho da minha infância. Tudo aquilo de que sentia falta era percebido de maneira muito sutil, porque na época me era impossivel refletir mais profundamente sobre isso e acabava passando como uma brisa que não chegava a causar grandes danos. E eu ia vivendo os meus dias como podia, aproveitando a natureza que era abundante na casa da minha querida avozinha, por quem ainda choro de saudade. Passava os dias na "floresta", que era um quintal imenso com muitas árvores frutíferas das quais acompanhava o crescimento e as 4 estações. Saboreava seus frutos deliciosos, dentre os quais: abiu (a mais gostosa fruta que já comi), jabuticaba, araçá, goiaba, fruta do conde, amora, mamão, ameixa, morango, etc.

Não vou falar da parte dolorosa de minha infância, pois o sentido desta publicação é talvez uma explicação que acabei de achar para o fato de ter buscado uma cachorrinha. 

Vejo nela minha própria criança. Vejo nela a expressão serena e a impossibilidade de comunicação com palavras de tudo o que gostaria de viver. Procuro adivinhar nessa querida amiguinha os seus mais ínfimos desejos e satisfazê-los na medida do possível. Faço uma ponte que só me faz bem. Vejo-a nos lugares da casa de minha avó, sentadinha nos degraus de uma escada que para mim era meio misteriosa, com acabamento arredondado em cimento rústico, que levava ao andar superior do sobrado, meio alvenaria e meio madeira. 

Não posso voltar à infância, mas posso estudar e resgatar o que passei através dessa cachorrinha, pois ela veio ao meu encontro para buscar um pouco de carinho. Peguei-a com 1 ano e 2 meses, de uma casa onde passou por momentos difíceis, sofrimentos, que a deixaram assustadiça e medrosa. Estou cuidando dela para que perca esse medo e adquira confiança na vida. Ela é minha própria criança muitas vezes abandonada aos próprios pensamentos, às perguntas sem resposta que costumava fazer a mim mesma.

Mas o colo de minha avó, ah, o colo da minha avó era o bálsamo para minhas feridas, principalmente quando ela se punha a contar estórias lindas, as quais  ainda me lembro, que me encantavam os dias e as noites.

Obrigada, querida vovó!