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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

SOU FEITA DE MATERIAL IMPRÓPRIO PARA RESISTIR AO MUNDO



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Marcou-me a ferro e fogo um evento acontecido na infância, entre tantos outros, quando ao defender minha irmãzinha, na época com 4 ou 5 anos de idade (eu com 14 ou 15), dei um safanão no braço da amiguinha dela, (da mesma idade de minha irmãzinha) que havia lhe dado um tapa no rosto. Isso foi muito rápido, nem pensei no que fiz, pois senti uma dor grande ao ver a marca vermelha no rostinho tão lindo daquela querida irmã, que viria a morrer tragicamente aos 19 anos.

Pouco depois de chegar em casa, vi que minha mãe recebeu a "visita" da mãe da garota, se queixando de que eu, uma grandalhona, devia ter vergonha de atacar uma criancinha. Escondida no quarto e chorando de medo e vergonha por ter feito aquilo, só esperava pela bronca que viria.

Veio mais. Veio o que eu nunca perdoei na minha mãe. Ela me forçou a ir até a casa da vizinha e pedir desculpas à mãe da garota. Fui num estado de espírito difícil, diria impossível  de ser descrito: um misto de ódio, humilhação e raiva de ter que me submeter a algo que achava injusto. Senti que não iria conseguir desempenhar a tarefa solicitada.  Percebo hoje, mas não na época em que ocorreu o fato, que eu era dotada de uma grande timidez. Ser exposta e ainda ter que balbuciar a palavra "desculpa", sem sentir isso dentro do coração, foi uma das coisas mais estúpidas que me aconteceram.

Há muitas formas de se conseguir as coisas de uma pessoa. Nunca forçá-las no ponto em que se sabe que a pessoa vai ser violentada. Senti-me violentada, acreditem. Nunca mais consegui tolerar autoridade. Depois daquele dia o mundo ficou mais feio. A lição de moral que minha mãe tentou me dar, fracassou totalmente.

Será que isso me deixou arredia a ponto de ter dificuldades em lidar com crianças? Quando vejo uma criança sofrer maus tratos ou injustiça, fico num estado de paralisia mental, não consigo me mexer. Se eu agir pode ser que caia de pau na pessoa que fez sofrer uma criança.

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