Total de visualizações de página

sábado, 22 de dezembro de 2012

O PIANO






Ia descansar um pouco depois do almoço, mas uma lembrança me veio à memória, talvez estimulada pela bela música que ouço agora da cama, lá no computador. Minha música predileta está no site  http://www.sky.fm/play/mellowjazz e nem preciso mais gravar músicas. Ali há o que mais aprecio.


Veio-me à memória um fato que talvez explique porque não dei continuidade ao meu talento para música. Sou afinadíssima, toco qualquer música com a mão direita, ou  seja, o solo, mas na hora do acompanhamento me falta o estudo. Acabei não dando continuação ao estudo da música e o fato que vou narrar explica em parte porque foi assim.


Ainda criança (ao redor de 8 anos de idade) eu sonhava em ter um piano e o orçamento doméstico não me permitia sonhar alto. Acabei ganhando afinal um piano pequeno, de madeira clara, lindinho, que foi colocado na sala de visitas e eu nem dormia direito pensando na hora em que iria sentar-me no banquinho que acompanhava o instrumento e iniciar minhas aventuras musicais.


Um dia, ou melhor, foi uma noite...recebemos a visita de uns amigos de meus pais que tinham dois filhos. O mais novo deles (para mim até hoje, é a figura do próprio capeta encarnado) resolveu experimentar as teclas do meu querido pianinho. Tanto fez que conseguiu quebrá-lo. Batucou como um desgraçado, e ao sair da nossa casa eu vi que as teclas estavam empenadas, ou seja, ele destruiu o teclado.


Meus pais não reagiram como eu desejava. Deveriam ter pedido aos pais dele que  providenciassem o conserto.Em resumo, depois daquela noite fatídica fiquei sem o piano, que se tornou um móvel sem utilidade na sala e foi logo mandado ao lixo, se não me engano. Algo em meu cérebro se nega a recordar o que foi feito dele, e até hoje não perdoo meus pais pela displicência com que trataram o caso.


Como vocês podem ver aqui no meu blog, tenho muitas mágoas e ressentimentos mal resolvidos em relação a alguns eventos da minha vida e não resta outra coisa além de comentar sobre eles.


Tempos depois ganhei um violão do meu querido avô, no qual aprendi sozinha a tocar muitas músicas, cheguei até a solar algumas, e muitos anos depois, nos primeiros dias de casada,  fiz uma demonstração de meu talento ao hoje ex-marido, solando "besa me mucho". A reação dele foi zero: ouviu a música e não disse uma só palavra ao final da apresentação. Resultado: guardei o violão no fundo do baú e nunca mais toquei nada. Ficaram os cadernos (que tenho até hoje) e uma grande mágoa por não ter sido incentivada nos meus pendores musicais.


Hoje me contento em ouvir (enquanto a natureza não me deixa surda) e curtir a música aqui no meu computador. Não me arrisco a aprender novamente, temerosa de que alguém me corte a onda.


Sempre houve alguém interferindo nos meus maiores sonhos, de maneira a impedir que se tornassem realidade. O que será isso?


Não possuia a força de bater de frente com a autoridade, e hoje vejo que isso só me prejudicou. Observo crianças rebeldes e desaforadas, (não me refiro às mimadas, que abomino) que enfrentam pais e professores para defenderem um sonho, por mais absurdo que seja,  e as invejo de coração!

Nenhum comentário: