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sábado, 13 de novembro de 2010

enquanto leio Pessoa...

 
Qual de nós pode, voltando-se no caminho onde não há

regresso, dizer que o seguiu como o devia ter seguido?



de: O Livro do Desassossego, B.Soares(F.Pessoa)

quinta-feira, 11 de novembro de 2010





Algumas coisas ficam num berçário cósmico, dentro da alma, até que sejam apresentadas à consciência. Nesse período de gestação quântica, ou seja lá o que for, já começam a aparecer os primeiros vislumbres de que quero aquilo, ou simplesmente preciso daquilo outro. São, na maioria das vezes, coisas tão simples que fazem rir aos mais simplórios.
Dessa vez a encucação foi com o cetim. Por alguma razão eu me lembrei de que minha mãe teve uma camisola de cetim. Eu devia ter uns 8 ou 9 anos e me recordo de achar aquilo um luxo, uma coisa do outro mundo, totalmente inacessível ao comum dos mortais. A textura do tecido, a cor (era branca) com reflexos furta-cor, tudo junto dava uma sensação de magia, de coisa de fadas...
Pois bem, sabe-se lá porque, mas veio-me essa imagem, mais de 50 anos passados e eis que me vejo entrando numa loja de lingerie. Perguntei à vendedora se havia pijamas de cetim, já que camisola não é muito confortável (fica subindo durante a noite) e eu queria dormir como um anjo! A moça disse que sim, "temos em duas cores". Escolhi a roxo batata doce, roxo violeta, e saí encantada. Já usei a semana inteira, lavei e eis ele aí todo pronto para me aconchegar novamente.
Como é bom ser simples e ficar feliz com as coisas acessíveis, quase tão feliz como quem compra um carro novo, acredite-me!

domingo, 7 de novembro de 2010


Em algum ponto a vida fez um desvio de rota. Não consigo precisar o momento. Mas tenho certeza dessa alteração de percurso. Por que? Tenho insights, vez ou outra, que me levam a uma percepção de algo paralelo acontecendo.. Nessas frações de segundo chega-me à consciência uma experiência muito real, embora diferente da que eu vivo hoje. Vislumbro o sabor, a forma, as cores, o ambiente, enfim, toda uma outra realidade, que corre como um rio, a meu lado.. Uma parte de mim se escondeu de mim. Mas continua viva. Será que o medo fez isso acontecer? O que houve, o que provocou isso? Ainda acho que foi medo. Em que momento tive esse medo de viver que me levou à vida mais comedida, mais solitária, mais triste? O que posso fazer com isso que tenho? Nada, é isso o que se faz com o que já se foi: NADA!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010


CANÇÃO DO CAMPO VASTO

Deixa-me amar-te com ternura, tanto que nossas solidões se unam, e cada um falando em sua margem possa escutar o próprio canto. Deixa-me amar-te com loucura, ambos cavalgando mares impossíveis em frágeis barcos e insuficientes velas, pois disso se fará a nossa voz. Ajuda-me a amar-te sem receio:a solidão é um campo muito vasto que não se deve atravessar a sós.


Lya Luft

foto tirada do meu quarto