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segunda-feira, 7 de julho de 2008

A NECESSIDADE DE VOLTAR ÀS ORIGENS...






local onde será construído o Museu Pel

Hoje voltei à Santos, a cidade onde nasci. Morei lá durante 23 anos. Desde então voltei centenas de vezes a passeio.

Hoje no entanto, não foi um passeio qualquer. Vou falar da minha aventura: tomei café e saí de casa, com a finalidade de fazer um resgate. Sim, Santos já significou muito sofrimento, no meio de algumas alegrias. Cheguei a sentir uma relação de amor/ódio com a cidade. Agora estou em paz. Virei a página. Consigo ir lá sem sofrer. Mas não consegui evitar uma nostalgia que me invadiu a alma, desde o momento em que cheguei, com um roteiro a cumprir, mais ou menos pré estabelecido. Sim: passaria pela rua onde trabalhei durante alguns anos, primeiro numa firma de traduções, depois num banco e ainda numa firma de pesca. Queria almoçar na Bolsa de Café (hoje fechada para descanso semanal) Andei pelo centro da cidade, senti que isso ainda é viável por lá, já que não há sinais tão evidentes de banditismo ou violência, a cidade se modernizando, o centro sendo todo restaurado, construções remodeladas para embelezar a região que ainda conserva casas com estilos muito ricamente construidas, do tempo dos barões do café. Vi sinais de vandalismo em algumas grades imponentes, onde se percebia que ladrões andaram cortando pedaços para negociarem, talvez em troca de drogas...Senti o cheiro do mar, mesmo no centro da cidade se consegue perceber o ar da maresia, gostoso de se respirar. O dia estava especialmente bonito e tive sorte!

Almocei num ótimo restaurante , onde comi uma meca grelhada com risoto de pupunha e farofa de banana, sensaciconal! Do restaurante, que fica de frente para o mar, avistei um navio cargueiro que fotografei e mostro a vocês.

Voltei cedo, ainda de dia, com a alma cheia de sentimentos misturados: tendo saído dessa cidade por motivos pessoais (não conseguiria superar a fase difícil que vivia na época sem ter abandonado a cidade) não consegui evitar a sensação de que eu traí meu berço, e agora, depois de tanto tempo, nesse retorno feito com o propósito de recordar, ficou um gosto de "tarde demais" . Tudo muda, e é triste sentir que a cidade não é mais a mesma (apesar de estar muito bonita) mas eu também já não sou a mesma e nem tão bonita quanto antes. Ambas envelhecemos, mudamos.

Só que as cidades são perpetradas pelos seus filhos que ali ficam e geram novas famílias que sempre cuidam para que se embeleze e remoce. Já os seres humanos não têm essa sorte...envelhecemos e nosso consolo é vermos em nossos filhos alguma coisa que ficou de nós !

Não adianta choro nem mágoa. Valeu a homenagem que fiz, valeu pisar naquele solo que me acolheu por 23 anos. Senti a conexão, apesar de tudo!