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sábado, 13 de abril de 2024

MORTE SÚBITA

 


Essa pequena tábua de mármore, vinda de não sei qual país, tem uns 80 anos, e há 15 está comigo, herança de minha tia e madrinha de batismo. Guardei-a com todo o carinho, mas isso não foi suficiente para que ontem se partisse. 

Teve morte súbita!!!

sexta-feira, 12 de abril de 2024

as contínuas perdas e mudanças dos "eus"


(Praça Kennedy - Santo André)




Não sei se repararam, mas vamos perdendo nossos "eus" pelo caminho. É mais fácil perceber isso se fizermos uma reflexão a cada 3 anos, por exemplo. 

Estou outra pessoa depois de alguns eventos na minha vida há + ou - 3 anos. Há um encanto novo no viver, apesar das muitas perdas físicas e até psíquicas. 

E como os "eus" vão se renovando, veio-me a pergunta; "será que há um único eu?" "Qual é?" O do primeiro ou o do último suspiro ? 

Eu creio que não há nenhum dos dois. Mas se existem, será só como ferramenta para se viver, uma ferramenta para evolução contínua? 

Mas aí vem outra questão: depois de mortos continuamos a evoluir? Como? Através de novos eus em uma outra vida? 



O AMOR CONTINUA ....

Há pouco tempo tinha lucidez perfeita, hoje já sinto os primeiros sinais da decadência física e psíquica. Por isso velhos não devem se aventurar em exercícios para a juventude e nem arriscar textos muito longos (mesmo no blog) para não entediarem os jovens. No whatsapp tenho certeza de que me lêem na velocidade 1,5. 

Quero agradecer o carinho e paciência que meus médicos têm comigo. Não são obrigados a isso. Agradeço às pessoas que cruzam comigo na rua e me cumprimentam, sem ao menos me conhecerem, estando eu com minhas cachorras ou não.

Por hoje é só, para não entediar ....


Apesar de não temer a morte, amo a vida!!!!

sábado, 30 de março de 2024

A CADEIRA DE BALANÇO


 

Era da minha tia. Eu cobiçei essa cadeira por muito tempo. Mas ela nunca disse que ia ficar para mim. Cheguei a pensar que ia me deixar de herança. Era pobre e não tinha nada de valor material. Mas acabei herdando essa cadeira por um acaso. Fui a sobrinha e afilhada que cuidou de todos os pertences dela quando morreu. Ninguém quis pegar esse encargo para si. Eu morava longe, em outra cidade e tirei  10 dias durante 2 semanas exclusivamente para selecionar o que prestava e o que ia ser descartado. Para piorar, ela era um pouco acumuladora. O quarto estava cheio de sacolinhas de plástico com mil objetos. Durante esses 10 dias em que lá fiquei, ajeitei um colchonete no chão da sala onde dormia. O café da manha trazia da padaria. O melhor pãozinho que já comi na vida! E o melhor queijo prato também.

Escrevi tudo isso para dizer que as coisas são realmente relativas. Hoje a cadeira está na minha sala e se eu sentei-me nela 2 ou 3 vezes em 10 anos, foi muito. Não sou uma velha de cadeira de balanço, cheguei a essa conclusão, embora concorde que é uma obra de arte .É austríaca, meu avô trouxe do navio, pois trabalhava nas Docas de Santos.

E aí está ela, a cadeira de balanço, que hoje ganhou almofada nova. Lembro-me da minha tia querida todas as vezes em que olho para essa cadeira.



Boa Páscoa Gábi






sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

outro trecho do escritor Henry-Frédéric Amiel (1876)



Devo acrescentar uma coisa que muito me surpreendeu e desagradou  no Amiel. Ele é extremamente machista. Há vários textos em que ele deixa bem claro que a mulher nasceu para ser um ornamento daquilo que o homem cria. Diz que mulher não tem capacidade para profissões que exigem pragmatismo, raciocínio e cálculo. Que a mulher deve obedecer as ordens de um homem, se quiser ter uma vida realizada.... kkkkk. Realmente, ninguém é perfeito!!!



Já naquele tempo havia o que hoje nos perturba a calma: pessoas radicais, que se acham no direito de inocular suas palavras muitas vezes venenosas, na mente de pessoas que estão apenas trocando idéias com outras e não fazem questão de discutir quem tem razão.

Vejam o texto abaixo:


"É mesmo o aborrecimento perpétuo da sociedade, êsse torneio de verbosidades impetuosas e inestancáveis, que têm o ar de saber as cousas porque delas falam, o ar de crer, de pensar, de amar, de procurar, enquanto tudo isso é apenas ruído vão, aparências, vaidades, palavrório. O pior é que, estando o amor-próprio atrás desse palavrório essas ignorâncias frequentemente são ferozes de afirmação, tomam-se essas parolagens por opiniões, apresentam-se os preconceitos como princípios. Os papagaios consideram-se sêres pensantes, as imitações dão-se como originais, os fantasmas de idéias entendem ser tratados como substâncias,  e a polidez exige que entremos nessa convenção. É fastidioso."

domingo, 11 de fevereiro de 2024

Texto de livro de Hannah Arendt




Even if things should last, human life does not. We lose it daily. As we live the years pass through us and they wear us out into nothingness. It seems that only the present is real, for “things past and things to come are not”; but how can the present (which I cannot measure) be real since it has no “space”? Life is always either no more or not yet. Like time, life “comes from what is not yet, passes through what is without space, and disappears into what is no longer.” Can life be said to exist at all? Still the fact is that man does measure time. Perhaps man possesses a “space” where time can be conserved long enough to be measured, and would not this “space,” which man carries with himself, transcend both life and time?

Time exists only insofar as it can be measured, and the yardstick by which we measure it is space.   

Já li no livro do escritor P. D. Ouspensky, Tertium Organum, que "o tempo é a quarta dimensão do espaço"; Faz sentido.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

REMINISCÊNCIAS


Palavra bonita, talvez um pouco melancólica, mas algumas vezes significando restos de uma lembrança fugaz, como por exemplo, as imagens e sensações que ficam de um sonho.

Na noite passada sonhei algo agradável; ficou um filme meio esburacado, pois não havia uma sequência. Mas o suficiente para imprimir uma imagem bonita em meio a pessoas que me aceitavam com alegria no salão onde havia uma espécie de exposição de artes. Certa amiga surgiu no filme/sonho, mas não consigo saber qual o seu papel, embora sua presença fosse muito prazerosa. 

A essas imagens e sensações dispersas e pouco nítidas, mas suficientes para borrifar uma espécie de perfume agradável em todo o dia seguinte, chamo "reminiscências".